Açoriano Oriental
Espaço será o quarto pilar económico da Região

O coordenador da Estrutura de Missão dos Açores para o Espaço, Luís Santos, afirmou ontem acreditar que no futuro o Espaço será o quarto pilar económico da Região.


Espaço será o quarto pilar económico da Região

Autor: Ana Carvalho Melo

“[O Espaço] não só será seguramente o quarto pilar, como será um pilar de futuro em termos de sustentabilidade”, afirmou à margem da apresentação da Estratégia dos Açores para o Espaço (EAE), no âmbito da conferência internacional que se realiza em Ponta Delgada.

O responsável lembrou que, segundo uma estimativa do Bank of America, a taxa mínima de crescimento prevista para o setor do Espaço é de 7% para os próximos anos.

“Eu não tenho dúvidas absolutamente nenhumas de que, além de ter potencial para ser a quarta área, [o Espaço] tem efetivamente potencial para ser a quarta área durante muitos anos”, realçou, acrescentando: “com isto não estou a menosprezar as pescas, a agricultura, nem o turismo. Eu estou a dizer que estas áreas são mais voláteis, pelo que o Espaço pode garantir uma sustentabilidade com uma taxa de crescimento que, segundo este estudo, é para as próximas décadas”.

E este pilar económico vai desenvolver-se, de acordo com Luís Santos, pela criação de empresas que irão nascer ou se fixar na Região e a partir de onde se criará valor e produto. Nesse sentido, deu como exemplo de criação de valor a partir dos dados que são recebidos em bruto do Espaço e que necessitam de ser transformados.

“A transformação dos dados dá emprego qualificado, uma vez que, através da sua transformação, dá origem a novos dados que permitem mapear as costas dos territórios terrestres, ou monitorizar as áreas de pesca, a passagem de navios ou de aviões, ou que podem ser aplicados no estudo das alterações climáticas, ou no mapeamento do acesso ao espaço com o uso de lançadores, ou ainda na colocação de novos ‘assets’ no espaço evitando a colisão com lixo espacial”, exemplificou.

Ontem, o coordenador da Estrutura de Missão dos Açores para o Espaço apresentou a Estratégia dos Açores para Espaço, documento que orientará a visão de médio e longo prazo da Região para este setor e outros que dele possam beneficiar, direta ou indiretamente, posicionando os Açores enquanto ‘hub’ transatlântico para atividades relacionadas com o espaço e o setor aeroespacial.

Para tal, a implementação da Estratégia dos Açores para Espaço assenta em três objetivos, sendo o primeiro o crescimento económico, o que deverá acontecer “pelo estímulo do contributo das atividades espaciais e aeroespaciais na Região para o desenvolvimento da economia açoriana e para a multiplicação e fixação de postos de trabalho qualificados”.

O desenvolvimento de capacidades, através da aceleração e potenciação das competências de investigação e desenvolvimento na Região e fomento do conhecimento e da aprendizagem das ciências, engenharia, tecnologia e aplicações relacionadas com o Espaço e com as ciências aeroespaciais, é o segundo objetivo.

O último objetivo passa por aumentar a visibilidade, promovendo “o potencial e aumentando a visibilidade da Região enquanto plataforma transatlântica para atividades relacionadas com o Espaço e o setor aeroespacial, tanto públicas como privadas”.

Para que estes objetivos se tornem numa realidade, esta estratégia pretende abranger vários ramos dos setores académico, público e empresarial e promoverá um quadro estável para atrair investimentos privados e parceiros nacionais e internacionais, garantindo uma prestação regular e confiável de serviços operacionais.

Ainda ontem foi revelado que a Estratégia dos Açores para Espaço se centra em várias prioritárias, entre elas o desenvolvimento de aplicações com base em dados espaciais, pelo que se privilegiará o desenvolvimento de aplicações, conduzindo ao desenvolvimento de capacidades regionais, incluindo recolha, interpretação, processamento e modelação de dados.

Outra área prioritária é a instalação de locais de ensaio para tecnologias espaciais e integração de redes ‘in situ’. Neste ponto é realçado que os Açores dispõem de sítios vulcânicos, condições climatéricas temperadas, geomorfologia natural acidentada e fácil acesso ao mar profundo que são características para locais de testes de tecnologias em condições semelhantes às que enfrentam a exploração espacial de planetas exteriores e asteroides.

A promoção do arquipélago como um acesso mais amplo e seguro ao espaço é outra prioridade e, neste ponto, a Estratégia dos Açores para Espaço destaca “as características em termos de localização, reduzida poluição sonora e reduzido tráfego aéreo” como “fortes argumentos para instalar sensores adicionais de detritos espaciais na Região”.

A finalizar, a Estratégia dos Açores para Espaço define a educação e a divulgação científica sobre o espaço como área prioritária, salientando ser “fundamental não só para sensibilizar e estimular o potencial dos estudantes locais, mas também para promover a ligação e o envolvimento das comunidades locais com as atividades espaciais”.

A Estratégia dos Açores para Espaço encontra-se atualmente em fase de consulta pública, seguindo-se, após a sua aprovação que será em dezembro, o início do plano de implementação.

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