Autor: Lusa/AO Online
"Não desviemos atenções. O nosso défice não tem nada a ver com obras públicas. Pelo contrário. Entre 2002 e 2007, houve um forte desinvestimento nas obras públicas e é por isso que a economia portuguesa está como está", referiu, à Lusa.
Fernando Santo, que falava em Viana do Castelo no âmbito do Dia Nacional do Engenheiro, defendeu que a questão do endividamento público resulta da "incapacidade de Portugal de produzir o que consome".
Aludiu, concretamente, à "forte importação" de produtos alimentares e de energia e ao desinvestimento nas indústrias de bens transaccionáveis.
"Isto provoca um estrangulamento brutal do país, que está quase na bancarrota", afirmou.
Numa altura em que se prepara para abandonar a liderança da OE, onde se manteve nos últimos seis anos, Santo criticou a "massificação" de licenciaturas de engenharia no país, título atribuído de igual forma a quem fez o curso em três anos, ao abrigo do Processo de Bolonha, e a quem estudou cinco.
"Não é a mesma coisa ter um curso de três anos ou um curso de cinco, as competências não podem ser as mesmas", referiu, para sublinhar que "as estatísticas são a razão de ser deste nivelamento por baixo".
"Pretende-se a massificação, pondo em causa todo o processo que Portugal seguiu desde Fontes Pereira de Melo", acrescentou.
Segundo o bastonário, a OE "defende a qualidade", mas tem a oposição "de um forte exército que não a quer".
No mesmo registo, criticou a "falta de qualidade do sistema educacional" do País, que, na sua opinião, nos últimos anos apenas se tem preocupado "em atribuir títulos".