Eixo Atlântico nega falta de viabilidade financeira

A associação Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular refutou hoje a afirmação da secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, de que a linha ferroviária de alta velocidade Porto-Vigo não é financeiramente sustentável.


Ana Paula Vitorino disse terça-feira em Lisboa, numa audição na comissão parlamentar de Obras Públicas, Transportes e Comunicações, que a linha de alta velocidade Porto-Vigo, a única para a qual não foi apresentado o modelo de negócio, "não é sustentável do ponto de vista financeiro", o que justificou a adopção de características técnicas "inferiores" para aquela ligação.

Assim, conforme explicou a secretária de Estado, a velocidade do projecto para a linha Porto-Vigo, que deverá estar operacional em 2013, passou dos 350 para os 250 quilómetros por hora e ficou definido que seria uma linha mista, por se considerar que esta opção beneficiaria "o tecido económico do Norte do país" e de modo a poder "atingir o limiar de sustentabilidade".

Em comunicado enviado hoje à Lusa, o secretário-geral do Eixo Atlântico, Xoán Vázquez Mao, salienta que a associação "sempre defendeu uma linha a 250 km/hora" para passageiros e mercadorias, e que já demonstrou ao Governo português "o interesse de grupos económicos galegos, em parceria com grupos portugueses, em investir na linha".

"Se a linha não é 'financeiramente sustentável', porque vão querer estes investir", questiona o secretário-geral do Eixo Atlântico, associação que reúne 18 municípios da Galiza e 18 do Norte de Portugal, e que actualmente é liderada pelo presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes.

Vázquéz Mao salienta que a "atitude lógica" seria deixar os grupos económicos investir, em vez de uma "política do 'nem como, nem deixo comer", que, aplicada ao norte, se converte numa política suicida para o conjunto do país".

"É difícil entender como se pode saber se uma linha é financeiramente sustentável sem ter realizado um modelo de negócio. Não é a primeira vez que a Secretaria de Estado constata que o seu departamento se engana a fazer as contas. Devemos recordar que na véspera da cimeira de Évora o dossier do TGV Porto-Vigo ia ser fechado", afirma o responsável.

O secretário-geral salienta que o Eixo Atlântico sempre defendeu uma velocidade máxima de 250 km/hora porque a distância média entre as cidades que constituem a associação é de 60 quilómetros.

"Não queremos um comboio origem-destino, mas sim um comboio estruturante vertebrador da euro-região, que permita comunicar os seus principais pontos de desenvolvimento", acrescenta Vázquez Mao.

O responsável acrescenta que a associação sempre defendeu também uma linha mista (passageiros e mercadorias), "para permitir a conexão dos portos e aeroportos", e tempos máximos de viagem de 45 minutos entre Porto e Vigo e de três horas entre Lisboa e Corunha.

"Não se entende, assim, o infeliz enfoque com que a Secretaria de Estado apresenta uma decisão que foi consensual. Excepto que seja a origem de próximas decisões ainda mais inaceitáveis", frisa o secretário-geral.

O Eixo Atlântico espera que os compromissos assumidos pelos ex-primeiros-ministros António Guterres e Durão Barroso e pelos ex-ministros Jorge Coelho e Valente de Oliveira "não cairão em 'saco roto', questionando desta forma a credibilidade do governo, tanto dentro como fora do país".

Vázquez Mao classifica como "o mais preocupante" a "primazia" que está a ser dada ao eixo Lisboa-madrid-Barcelona, que resultará numa divisão da península "em duas metades".

Com esta divisão, segundo o responsável, está-se a defender "claramente o desenvolvimento da zona sul em detrimento do norte, numa suspeitosa coincidência com a estratégia defendida pelo governo espanhol nos pressupostos gerais do estado para 2008".
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