Açoriano Oriental
Diocese de Angra destaca “papa muito atual, atento à atualidade”

Administrador diocesano elogia “papa da fé e da razão”, “atento às questões da atualidade” e “disposto ao diálogo com a modernidade”. Missa exequial será celebrada na Sé de Angra na quinta-feira

Diocese de Angra destaca “papa muito atual, atento à atualidade”

Autor: Paula Gouveia

A Diocese de Angra, através do seu Administrador Diocesano, manifesta o seu pesar pela morte do “querido papa Bento XVI”, ocorrida esta manhã.

“À primeira vista parecia um homem conservador, mas na verdade trata-se de um papa muito atual, atento às questões da atualidade. Disposto ao diálogo com a modernidade, a razão, a investigação, a cultura, a ciência, a universidade, a intelectualidade e o estudo, sobretudo com a filosofia, a teologia e as religiões do nosso tempo”, referiu o cónego Hélder Fonseca Mendes, na Mensagem enviada ao Sítio Igreja Açores.

“Não sendo um papa dos afetos, é o papa da fé e da razão, afirmando que se esta faltasse a religião facilmente poderia desviar-se para o fundamentalismo cego”, salientou o sacerdote, numa nota enviada ao Igreja Açores. “A sua preocupação era sempre o anúncio da beleza do evangelho no mundo contemporâneo, sobretudo aos jovens.  Entre o papa João Paulo II e o Papa Francisco, ‘a peça’ é a mesma, Jesus Cristo vivo.  Se João Paulo II fazia a música, Bento XVI compunha a letra e Francisco faz uma inaudita execução”, afirmou ainda o cónego Hélder Fonseca Mendes, convidando todos os diocesanos a rezarem “pelo eterno descanso deste nosso irmão, cristão connosco e bispo de Roma para nós”.

“Guardemos na memória as últimas palavras de Bento XVI em Portugal: ‘Que o Evangelho seja acolhido na sua integridade e testemunhado com paixão por todos os discípulos de Cristo, a fim de que se revele como fermento de autêntica renovação de toda a sociedade. Desça sobre Portugal e todos os seus filhos e filhas a minha Bênção Apostólica, portadora de esperança, de paz e de coragem, que imploro de Deus pela intercessão de Nossa Senhora de Fátima, a quem manifestais tanta confiança e firme amor. Continuemos a caminhar na esperança! Adeus!’”, termina a nota enviada ao Sítio Igreja Açores.

Na Sé de Angra, no dia 5 de janeiro, pelas 9h30 (hora dos Açores, menos duas que em Roma), será celebrada a missa exequial. No próximo domingo, a missa de 7.º Dia será às 11h00  na Catedral. E a missa de 30º. dia será celebrada pelo novo bispo diocesano em dia e local a anunciar.

Numa nota, enviada à agência Ecclesia, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) manifestou uma “enorme tristeza” pela morte do Papa emérito Bento XVI, evocando o seu trabalho de “purificação e reforma da Igreja”. E sustentou que “a coragem de ter pedido a resignação quando já não sentia condições para continuar o exercício do seu ministério fica como legado e lição para a história da Igreja na compreensão coerente do ministério petrino”. E sublinhou ainda que “as dioceses e todas as comunidades cristãs e religiosas reconhecem o carinho que Bento XVI nutria por Portugal, nomeadamente aquando da sua significativa visita em 2010”, conclui-se na nota.

Segundo a agência Ecclesia, vão marcar presença no Vaticano os cardeais D. Manuel Clemente e D. António Marto, além do presidente da CEP, D. José Ornelas, que se juntam no Vaticano ao outros três cardeais português: D. José Saraiva Martins, D. Manuel Monteiro de Castro e D. José Tolentino Mendonça.

Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tenciona estar presente no funeral do papa emérito Bento XVI, na quinta-feira, em Roma, indo e regressando no mesmo dia. Marcelo Rebelo de Sousa salientou, em declarações à agência Lusa, que já transmitiu ao papa Francisco as condolências do Estado português pela morte do seu antecessor, Bento XVI, que descreveu como “um filósofo, um teólogo, um pensador, um intelectual, um homem da doutrina” que teve um pontifício “de transição entre duas épocas”. Segundo o Presidente da República, “o diálogo entre a fé e a cultura, a fé e a ciência foi talvez a faceta mais criativa do seu curto, muito breve pontificado”, entre 2005 a 2013.

Marcelo Rebelo de Sousa lembrou a visita de Bento XVI a Portugal, em 2010, como “uma visita excecional, diversa do padrão normal daquilo que foi o seu pontificado”, e destacou o seu “encontro com o mundo da cultura”, com a presença do cineasta português Manoel de Oliveira.

Papa diz que morreu uma pessoa “nobre e gentil”

O papa Francisco expressou “gratidão” ao seu antecessor, Bento XVI, e saudou uma pessoa “nobre e gentil”, durante uma celebração na Basílica de São Pedro, no dia do falecimento. “Só Deus sabe o valor e a força da sua intercessão” (pedir em favor de outro, de acordo com a Igreja Católica), disse Francisco, algumas horas após a morte do papa emérito, aos 95 anos, relata a agência Lusa. O papa Francisco referiu-se ainda aos “sacrifícios oferecidos para o bem da Igreja” pelo seu antecessor. E acrescentou: “Sentimos nos nossos corações muita gratidão, gratidão a Deus por o ter doado à Igreja e ao mundo, e gratidão a ele por todo o bem que conseguiu e, acima de tudo, pelo seu testemunho de fé e oração, especialmente nestes últimos anos de vida aposentada”.

“Senhor, eu te amo!” foram as suas últimas palavras

O Vaticano revelou que as últimas palavras do Papa emérito Bento XVI foram “Senhor, eu te amo!”. Segundo o relato do secretário particular do falecido pontífice, D. Georg Gaenswein, a frase foi pronunciada pelas 3h00 da madrugada de sábado, horas antes da morte de Bento XVI, às 9h34 (menos uma em Lisboa). “As últimas palavras do Papa Emérito Bento XVI foram ouvidas no meio da noite por uma enfermeira. Eram cerca de 3 horas da manhã do dia 31 de dezembro, poucas horas antes da sua morte”, relata o portal ‘Vatican News’. “Essas foram as suas últimas palavras, compreensíveis, porque depois disso ele não já não se conseguiu expressar”, acrescentou o responsável.


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