Autor: Lusa/AO Online
"Hoje chegou ao nosso conhecimento uma carta de demissão da totalidade dos chefes de equipa de cirurgia do Hospital de Santa Maria", disse Jorge Roque da Cunha, solidarizando-se com os médicos.
O dirigente sindical adiantou que "há vários meses" que os profissionais de saúde têm chamado a atenção para "a insuficiência das equipas, não só a nível do serviço de urgência como também no próprio serviço".
Roque da Cunha apontou que "é um quadro envelhecido" que se agravou nos últimos meses com a saída de profissionais que, entretanto, se reformaram e não têm conseguido contratar médicos, adiantou.
Roque da Cunha salientou que “a falta de investimento que ocorre neste momento no Serviço Nacional de Saúde faz com que não haja condições para disponibilidade de bloco”, além de falta de anestesistas e dos “próprios materiais” devido aos “atrasos que são conhecidos de pagamentos para este tipo de produtos”.
Por isso, acrescentou, “tal como ocorreu em Setúbal, tal como ocorreu em Braga, tal como ocorreu em Leiria, um pouco por todo o país, [estes médicos] resolveram tornar pública essa sua insatisfação”.
“Este grito de alerta é no sentido de exigir mais investimento no Serviço Nacional de Saúde”, vincou o dirigente sindical, salientando que “o Ministério da Saúde não pode dizer que desconhece o problema”.
“Não pode dizer que encontrou soluções na contratação de centenas de médicos porque como bem sabemos esses médicos são muito inferiores àqueles que, entretanto, saíram”, acrescentou.
O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos frisou ainda que, qualquer destes médicos, se assim o entendesse poderia ter “muito mais conforto”.
“A esmagadora maioria deles já fizeram mais de 500 horas extraordinárias, já deram muito mais do que aquilo que a lei os obriga a pagar em termos de trabalho, poderiam ter lugar em qualquer dos grupos privados que afanosamente têm estado a contratar e tem conseguido muitos dos médicos”, salientou.
Saudou ainda “a coragem” dos médicos que fizeram este “grito de alerta” e fez “um apelo fortíssimo” para que a ministra da Saúde “encare o problema”.
“Não é o facto de ter ocorrido a dissolução do Parlamento que poderá encontrar aqui desculpas porque são questões de gestão corrente”, disse, apontando que “nos últimos anos os orçamentos nos hospitais estão abaixo daquilo que são as suas necessidades”.