Autor: Lusa/AO online
Os resultados da descoberta indicam que é possível controlar melhor a propagação das formas resistentes e adaptar os tratamentos para o paludismo, doença que se transmite através da picada de um mosquito e para a qual não existe vacina.
Durante a investigação, os cientistas converteram, em laboratório, um parasita resistente à artemisinina e compararam o seu genoma com uma variante gémea não resistente.
Através deste estudo e da análise de numerosas estirpes do Camboja, os investigadores puderam determinar a mutação do gene que converte os parasitas em resistentes.
"Trata-se, na realidade, de várias mutações do mesmo gene, mas no Camboja encontrámos um mutante dominante, presente em 70 a 75 por cento dos parasitas resistentes", explicou a investigadora que coordenou o estudo, Odile Puijalon, citada pela agência AFP.
Nos últimos dez anos, foram detetados parasitas resistentes aos mais recentes medicamentos, a oeste do Camboja, e o principal receio dos cientistas era que se propagassem na África Subsariana, a região do mundo mais afetada pelo paludismo.
De acordo com Odile Puijalon, graças à simplicidade do novo marcador, "será possível vigiar melhor a propagação das formas resistentes do paludismo, cartografar a sua distribuição e acelerar o desenvolvimento de novos tratamentos" contra a doença.
A investigadora adiantou que, para marcar as resistências, "bastará, no futuro, reter uma gota de sangue da ponta dos dedos dos doentes", enquanto, até agora, eram necessários estudos clínicos caros.
O paludismo é provocado por parasitas da espécie "Plasmodium", sendo o mais mortal o "Plasmodium falciparum".
No estudo participaram equipas do Instituto Pasteur de França e do Camboja, do Centro Nacional de Investigação Científica de Toulouse e do Instituto Nacional de Saúde de Bethesda, nos Estados Unidos.