Açoriano Oriental
DCIAP atento a suspeitos radicalizados nos Açores e interior

Atividades de investigação não se cingem aos grandes centros populacionais, alertou procuradora do MP que diz haver suspeitos nos Açores e interior do país

DCIAP atento a suspeitos radicalizados nos Açores e interior

Autor: Rafael Dutra

É necessário ter em atenção o possível regresso a Portugal de mulheres e filhos de combatentes terroristas portugueses que foram para a Síria e Iraque, alertou a procuradora do Ministério Público (MP) que investiga no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) suspeitas de crime de terrorismo no país, acrescentando que estes radicalizados não abrangem apenas aos principais centros populacionais, segundo notícia avançada pela Rádio Renascença.

“Não contem que seja só nos grandes centros, tenho vários suspeitos nos Açores e no interior do país, não são grupos organizados, delinquentes sem aparente ocupação, estamos a falar de jovens radicalizados, sozinhos, no interior de um quarto em frente a um computador”, afirmou Cláudia Oliveira Porto, citada pela Rádio Renascença.

A  procuradora do MP falava numa formação do Centro de Estudos Judiciários, captada pela Justiça TV, quando chamou a atenção de juízes e magistrados para esta situação.

A especialista revelou ainda que em Portugal, à semelhança da tendência europeia, os radicalizados são cada vez mais jovens e que as redes sociais são propícias para a disseminação do discurso de ódio.

“As plataformas e redes sociais contribuem para a disseminação do discurso de ódio e ideologias radicais. As organizações terroristas manipulam o algoritmo para que os adolescentes fiquem expostos à propaganda terroristas e recrutam assim jovens para que, em seu nome, pratiquem atos violentes que provoquem o terror que depois reivindicam, eles são os chamados ‘lone actors’”, sustentou.

A magistrada explicou também que as autoridades, de forma a monitorizar ou identificar determinados suspeitos, costumam seguir as redes sociais, e as conversações do suspeito,  e “tudo o que são informações em fonte aberta, fontes humanas, globalização” com o intuito de “perceber a motivação do agente” e a sua “ideologia”.

A procuradora revelou que a investigação “procura contactos radicalizados com outros indivíduos, teóricos radicais, músicas, conversas, estados de espírito, textos doutrinários, viagens e percursos”.

O Açoriano Oriental, de forma a apurar se existem atuais inquéritos abertos acerca deste tipo de atividades nos Açores, questionou o DCIAP, não tendo obtido resposta à data de escrita deste artigo.

Recorde-se que em 2015 foram abertos vários inquéritos para investigar factos relacionados com o Estado Islâmico, sendo que um desses inquéritos investigou atividades desenvolvidas na Região, de acordo com um artigo avançado pelo Expresso, nesse ano.


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