Autor: Lusa/Ao online
“Não cabe a esta comissão pronunciar-se sobre as escolhas legítimas da diretora de informação ou sobre as capacidades das jornalistas agora contratadas, sobre as quais nada temos a dizer, mas cabe considerar que a validação destas contratações de luxo pela administração da RTP é um escândalo sem fim”, refere em comunicado a Comissão de Trabalhadores (CT).
As jornalistas Cândida Pinto, da SIC, e Helena Garrido, que foi diretora do Jornal de Negócios, irão integrar a nova direção da RTP, confirmou à Lusa fonte oficial da televisão pública.
As duas profissionais passam, assim, a ser diretoras-adjuntas da estrutura liderada por Maria Flor Pedroso, que foi nomeada diretora no dia 12 de outubro, na sequência da saída de Paulo Dentinho, tendo a aprovação da nomeação sido anunciada pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social no dia 18 desse mês
Mantêm-se como adjuntos António José Teixeira e Hugo Gilberto (no Porto).
A nova direção terá, ainda, como subdiretores, Alexandre Brito, Joana Garcia e Rui Romano.
No comunicado, a CT salienta que foi surpreendida com o anúncio da contratação.
“Numa empresa onde os trabalhadores já ultrapassam os dez anos sem qualquer atualização salarial e que se recusa a reconhecer a justiça para centenas e centenas de trabalhadores precários, muitos deles jornalistas, o seu presidente considera absolutamente normal contratar mais celebridades e insultar, na cara, cada um dos trabalhadores a seu cargo”, frisa.
A CT explica que, apesar de a RTP ter quase quatro centenas de “profissionais competentes”, a diretora de informação da televisão “tem toda a legitimidade para propor a contratação de quem quiser, mas este Conselho de Administração, e nomeadamente o seu presidente, não tem, nem a moral, nem legitimidade para aceitar essas contratações”.
“Ao fazê-lo revela que não tem a mínima capacidade para continuar à frente dos destinos da empresa nesta fase conturbada da sua história”, acrescenta.
Além disso, a comissão defende uma “imediata intervenção” do Governo na empresa.
“Os trabalhadores da empresa aguardam justiça e aguardam que o Governo acorde finalmente do ‘Síndrome de Estocolmo’ em que se encontra, para resolver o ‘caso RTP’. É inaceitável que uma administração de uma empresa pública, que não cumpre decisões judiciais para integração nos quadros, peça agora exceções ministeriais para estas contratações. É ainda mais inaceitável se viermos a perceber que temos um Governo em Portugal que aceita passivamente esta pouca-vergonha”, conclui.