Autor: Lusa/AO On line
A Comissão Permanente e a Comissão Política do PSD vão reunir-se durante a tarde na sede nacional social democrata, seguindo-se, à noite, uma reunião do Conselho Nacional, órgão máximo do partido entre congressos, num hotel de Lisboa.
De acordo com dirigentes sociais democratas ouvidos pela agência Lusa, o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, deverá apresentar aos órgãos nacionais do partido o caminho alternativo que defende para a consolidação das contas públicas.
Em declarações à agência Lusa, o conselheiro nacional do PSD António Nogueira Leite disse que "o partido tem estado a preparar medidas alternativas que permitem consolidar as finanças públicas, indo mais longe no corte do desperdício público" e amenizando o aumento "muito violento" da carga fiscal, mantendo a meta do défice para 2011 nos 4,6 por cento.
Essas medidas "estão prontas", adiantou António Nogueira Leite, acrescentando: "Se o PSD deve pô-las como condição [para viabilizar o Orçamento do Estado para 2011], é outra coisa. Vou dizer qual é a minha posição na reunião do Conselho Nacional."
No PSD, há dirigentes que entendem que Passos Coelho deverá apresentar as medidas alternativas como um "caderno reivindicativo" para negociar com o Governo no sentido de uma viabilização do Orçamento.
Outros, contudo, defendem que a viabilização do Orçamento pelo PSD não deve estar condicionada a uma negociação de medidas concretas, até por desconfiarem que não seja verdadeira a intenção declarada pelo Governo de negociar.
O Governo, sobretudo através do ministro das Finanças, tem-se declarado disposto a negociar com o PSD a sua proposta de Orçamento para 2011, com a condição de que o défice se mantenha nos 4,6 por cento, embora sustentando que não é possível cortar mais na despesa.
Questionado sobre eventuais contactos com o Governo, Nogueira Leite respondeu: "Eu não posso falar pela direção do PSD, mas, que eu tenha conhecimento, estamos numa fase apenas de retórica."
Nogueira Leite foi quem negociou com o ministro das Finanças, em nome do PSD, as medidas de austeridade adicionais ao Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) adotadas em maio.
Nas últimas semanas, o chumbo do Orçamento para 2011 pelo PSD foi apenas defendido pela Juventude Social Democrata (JSD).
Muitos mais foram os sociais democratas, entre eles destacados militantes, como a anterior presidente do partido, Manuela Ferreira Leite, a defender a tese de que o PSD deveria anunciar antecipadamente que iria viabilizar, pela abstenção, a proposta do Governo, sem encetar qualquer negociação.
Mesmo antes de ser presidente do PSD, Passos Coelho nunca subscreveu esta tese e, quando foi eleito, prometeu que o Governo iria passar a ter de "negociar mesmo" com os sociais democratas.
Quanto ao Orçamento para 2011, Passos Coelho tem recusado a ideia de que se deve aceitar "um mau Orçamento", mas tem também dito que sem Orçamento "o país não fica numa boa situação".
O ex-candidato à liderança do PSD Paulo Rangel estará ausente da reunião de hoje do Conselho Nacional, por esta ser inconciliável com a sua atividade no Parlamento Europeu, mas fez chegar ao presidente da Mesa uma mensagem para ser lida aos conselheiros, disse à Lusa fonte próxima do eurodeputado.
A reunião do Conselho Nacional é alargada aos deputados e presidentes de câmara do PSD.
Ainda sobre o Orçamento para 2011, Passos Coelho reúne-se com o grupo parlamentar social democrata na quarta feira de manhã.