Autor: Lusa/AO Online
“Aguardamos com expectativa a reunião de hoje do Conselho de Comércio. […] Vamos debater o ponto da situação das negociações comerciais em curso e, além disso, […] continuaremos a trabalhar intensamente no sentido de um acordo com o Mercosul”, disse o vice-presidente executivo da Comissão Europeia com a pasta do Comércio, Valdis Dombrovskis.
O responsável falava à chegada da reunião dos ministros do Comércio da UE, em Bruxelas, ocasião na qual Portugal está representado pelo secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Francisco André.
A reunião acontece dias depois de Javier Milei ter vencido, há uma semana, as eleições presidenciais da Argentina.
Javier Milei, candidato ultraliberal, venceu o peronista Sergio Massa na segunda volta das presidenciais que decorreram no domingo na Argentina.
Milei tem vindo a defender posições polémicas, como a retirada da Argentina do Mercosul, que classificou como uma “união aduaneira de má qualidade, que cria distorções comerciais e prejudica os membros”.
Ao mesmo tempo, tem criticado o acordo comercial deste bloco com a UE, que descreve como desfavorável.
A UE e Mercosul têm mantido um contacto regular, no sentido de conseguirem concluir as negociações nomeadamente em questões como os compromissos ambientais, após um primeiro aval em 2019, que não teve seguimento.
As discussões evoluíram bastante nos últimos dois meses levando à expectativa de ambos os blocos em concluir o acordo na cimeira dos presidentes do Mercosul, marcada para 07 de dezembro, no Rio de Janeiro.
O próximo Presidente argentino, que sucederá ao peronista Alberto Fernández (2019-2023), governará a partir de 10 de dezembro para o período 2023-2027.
O acordo UE-Mercosul abrange os 27 Estados-membros da UE mais Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, o equivalente a 25% da economia global e 780 milhões de pessoas, quase 10% da população mundial.
Milei é próximo de Jair Bolsonaro, antecessor do atual chefe de Estado brasileiro, Lula da Silva, além de admirador declarado do ex-Presidente norte-americano Donald Trump.
Define-se como um "anarco-capitalista", uma forma extrema de liberalismo defensora de uma sociedade capitalista sem Estado.