A Comissão Diocesana dos Bens Culturais da Igreja da Diocese de Angra aguarda o contacto formal da Paróquia de Rabo de Peixe, para que se possa pronunciar sobre o estado da Igreja do Bom Jesus. Em declarações ao Açoriano Oriental, Susana Goulart Costa, diretora do serviço, exorta os restantes párocos a contactarem a Comissão, para que possam atuar na proteção do património das paróquias açorianas.
“Até agora, não recebemos, pelas vias institucionais ou formais, qualquer informação ou pedido de acompanhamento devido à cobertura da igreja”, refere Susana Goulart Costa que, ao mesmo tempo, mostra-se ao dispor da Paróquia de Rabo de Peixe para a resolução deste problema.
De recordar que a Igreja do Bom Jesus apresenta problemas estruturais, ao nível do telhado, que tem provocado infiltrações em todo o edifício, fazendo perigar não só o teto pintado (algumas partes já caíram), como também o restante património cultural e religioso existente no seu interior.
A diretora da Comissão Diocesana dos Bens Culturais da Igreja, que tomou posse em janeiro deste ano, diz ter visitado a referida igreja em fevereiro passado e que não tinham sido detetados estes problemas.
“Há cerca de 10 meses, tínhamos estado nesta mesma igreja, a pedido do padre Nuno Sousa, e nada fazia prever esta situação”.
Susana Goulart Costa lembra que este serviço da Diocese de Angra é um órgão meramente consultivo sem poderes executivos, composto por arquitetos e especialistas em restauro, estando limitado a emitir pareceres e aconselhamentos sobre obras, restauros e recuperações.
De 2019 até à presente data, foram dados 31 pareceres, não havendo pendências, “exceto situações que aguardam projetos de arquitetura, para que nos possamos pronunciar; ou verbas para as concretizar”.
“Temos 165 paróquias nos Açores, que correspondem a 80% do património existente no arquipélago. É um trabalho exigente que tentamos responder de forma mais célere possível. Qualquer padre que nos solicite, estamos disponíveis para aconselhar”, assinala.
Aliás, é esta a mensagem que a diretora da Comissão Diocesana espera que passe, apelando aos párocos que atuem o quanto antes, para evitar situações limite.
“Os 80% de património da Igreja tem séculos de existência. As comissões fabriqueiras, os senhores padres e as comunidades de fé das várias igrejas sabem que têm nas mãos um edificado muito precioso, mas que exige um cuidado como o das nossas casas”.
Susana Goulart Costa reconhece que haverá mais igrejas - além da do Bom Jesus de Rabo de Peixe - a necessitar de intervenções urgentes, seja pela localização que as debilita (junto ao mar, por exemplo), pela antiguidade do ponto de vista construtivo, ou por situações inesperadas, há edifícios carenciados de obras.
“O património tem mesmo de ser acompanhado de perto pela comunidade local e quem vive a igreja. É natural que existam outras igrejas a precisarem de apoio, o que solicitamos é que os párocos contactem-nos para que possamos atuar e dar a melhor orientação possível. Quanto mais a situação se arrasta, mais grave será o dano e mais custosa será a intervenção”.
