Açoriano Oriental
Cientista defende parcerias científicas com Açores mas sem “espoliar” património

O cientista Luís Arruda manifestou-se hoje apologista de parcerias dos Açores com institutos internacionais na área da investigação científica, mas alerta para a necessidade de “não se espoliar” a região do seu potencial endógeno.

Cientista defende parcerias científicas com Açores mas sem “espoliar” património

Autor: Lusa/AO Online

O investigador declarou hoje à agência Lusa que “o material e as condições a estudar” e o “resultado das observações”, no âmbito destas parcerias, deve permanecer na região e não “ir para o estrangeiro, ser lá trabalhado e os resultados publicados”.

O professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa - que na quinta-feira lança, na ilha de São Miguel, o livro “Descobrimento Científico dos Açores: do vulcão dos Capelinhos ao Instituto Universitário dos Açores - considerou que era “interessante e importante” que a região possuísse uma outra classe científica “mais evoluída”, com melhores laboratórios, através do recurso a equipas internacionais, uma vez que a nível nacional estas são reduzidas.

Para o investigador em vários centros de ciência, as áreas que em termos científicos necessitam de maior incentivo são, por exemplo, o sector das pescas, que precisa de um “melhor conhecimento”, a par da sismologia numa região vulcânica e da conservação da natureza, que requer um “olhar muito atento” face à pressão do turismo.

“É fundamental conciliar o desenvolvimento dos Açores com a conservação através do ordenamento da paisagem e construção de edifícios”, disse, sublinhando que existem arquitetos que projetam para a região, desconhecendo a realidade açoriana, o que faz que com “as coisas nem sempre resultem da melhor maneira".

Sendo natural da ilha do Faial, Luís Arruda assistiu aos 14 anos à erupção do vulcão dos Capelinhos, em 1957, tema que visita no livro, considerando que este evento “projetou os Açores do ponto de vista internacional em termos científicos”, uma vez que, estando próximo da costa, “foi observado como vulcão submarino” e, mesmo depois de terminar a sua atividade, continuou a ser estudado, até aos dias de hoje.

“O que me marcou não foi exatamente a erupção em si do vulcão dos Capelinhos mas, sim, um ano depois, na fase das lavas, na noite de 13 para 14 de maio, o ‘enxame’ sísmico com cerca de 300 eventos e a destruição que causou na ilha do Faial e dos edifícios naquela zona”, afirmou o cientista.

Luís Arruda referiu que, mesmo antes deste período, as cinzas que caíram “provocaram alguns constrangimentos que ficaram na memória”.


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