Autor: Ana Carvalho Melo
“Esta exposição surge de um olhar coletivo sobre a coleção do Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas, em que pensamos as questões do coletivo, da festa e da partilha”, refletindo “sobre a saudade que temos de estar juntos e o pensamento positivo sobre o futuro que esperamos que aconteça rapidamente”, contou ao Açoriano Oriental João Mourão, diretor do Arquipélago.
A ideia de “Chorinho Feliz”, que dá nome à exposição, “não é mais que uma vontade, uma ideia de que sentimos todos falta de chorar uma lágrima de alegria que vem necessariamente aliada com amigos, festa, devoção e tradição”.
“Esta exposição é um olhar para momentos específicos do nosso passado que são uma possibilidade do amanhã que todos queremos voltar a viver”, enfatizou João Mourão, referindo-se às restrições que a pandemia tem vindo a impor na vida de todos.
Com este objetivo foram reunidas obras de Amalia Pica, Ana Vieira, Barrão, Catarina Botelho, Catarina Branco, Christian Holstad, Grafeno, Joachim Schmid, João Ferreira, João Pedro Vale, Rubén Monfort, Rui Moreira e Sofia de Medeiros, que representam “momentos de euforia do coletivo, de festa, de encontro”, tentando antecipar o regresso a estes momentos.
Assim as obras destes artistas e as relações que entre elas se estabeleceram vão remeter o visitante para momentos de convívio e de festa.
“Nos tempos pandémicos que atravessamos é importante, por um lado, retomar essas memórias da partilha e, por outro, antecipar novos encontros. Por isso queremos que esta exposição seja um olhar às tradições, festas populares, romarias, bailes e mesas postas, mas queremos também que seja um momento de esperança para que rapidamente possamos voltar todas e todos a estes convívios”, destacou.
Na exposição cruzam-se obras de artistas locais, ligadas a tradições tipicamente açorianas, com artistas do continente e internacionais, que trazem também olhares sobre outras festas e outros modos de celebrar.
“O nosso olhar começou pelos artistas locais, como Catarina Branco, Sofia de Medeiros e Rubén Monfort que têm algum trabalho sobre as tradições locais”, contou, desvendando que também serão apresentadas algumas das peças são inéditas, como três peças de Ana Vieira que nunca foram mostradas em São Miguel.
“Há peças que já foram mostradas uma vez ou duas noutras exposições e que ganham agora nova vida”, acrescentou.
João Mourão quis ainda destacar que a coleção de arte contemporânea do Arquipélago que tem vindo a ser formada há longos anos, possui atualmente peças que foram adquiridas, outras que foram doadas e outras que estão em depósito, que podem relacionar-se de diferentes formas e em diferentes contextos.
“As coleções não são estanques e permitem-nos que olhemos para elas em diferentes momentos e de diferentes formas e este foi olhar que escolhemos agora dar”, afirmou.
O projeto expositivo “O Chorinho Feliz” é assinado por Beatriz Brum, Diogo Aguiar, João Mourão e Sofia Carolina Botelho.
A inauguração desta exposição acontece hoje pelas 16h00, podendo ser visitada no Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas até 17 de abril de 2022.