Autor: Lusa/AO Online
"O que nós verificamos é que o resultado da comparação, atendendo ao investimento que foi feito, não compensou. Não notamos melhoras muito significativas, em relação ao ano 2014 e isso preocupa-nos", frisou Vítor Silva, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.
Fazendo um balanço de 2015, o sindicalista alertou para o desemprego, que considerou o maior flagelo da região, mas também para a precariedade laboral, para os baixos salários, para a falta de pagamento de remunerações e para a insuficiência de condições de segurança no trabalho.
Segundo Vítor Silva, se Portugal já está na cauda dos países com maior precariedade na União Europeia, com 84% dos contratos celebrados nesta situação, o cenário nos Açores é ainda pior.
"Os vínculos precários ou temporários tornaram-se a regra geral na constituição da relação laboral. Mais de 90% dos contratos de trabalho celebrados são precários, ou seja, nove em cada dez, nos homens, e 19 em cada 20, nas mulheres", frisou.
Com base nessa precariedade e na conclusão de programas de ocupação para desempregados, a CGTP-IN/Açores prevê que haja um aumento do desemprego em 2016 e defende uma "mudança muito significativa" das condições laborais.
Os dados oficiais para o 4.º trimestre de 2015 apontam para que existam nos Açores quase 15 mil desempregados, com uma taxa de desemprego de 12,1%, mas, para o sindicalista, "o número real é muito mais do dobro".
De acordo com Vítor Silva, há 55 mil açorianos a viver com pouco mais de 400 euros mensais, abaixo do limiar da pobreza, e mais de 20 mil açorianos solicitaram ajuda alimentar em 2015.
O salário mensal é, em média, mais baixo nos Açores do que no continente, segundo o sindicalista, que alertou para a falta de negociação de acordos coletivos de trabalho.
Se o salário mínimo aumentar para 530 euros a nível nacional, nos Açores, com o acréscimo de 5%, deverá atingir os 550,25 euros, mas para Vítor Silva "é preciso ir mais longe".
"Tudo o que seja inferior aos 550 euros a nível nacional poderá não ser suficiente", frisou, alegando que os Açores são a prova de que não é o aumento de salários que provoca o fecho de empresas.
"Continuamos a ter um aumento muito significativo de encerramento de empresas e muitas dessas empresas fecham exatamente porque os trabalhadores nos Açores não têm poder de compra", acrescentou.