Autor: Lusa / AO online
“É evidente que há salários que têm que descer, mas deveriam ser, de facto, os mais altos, os mais baixos têm que subir”, disse à agência Lusa o presidente da CNIS, padre Lino Maia, considerando não ser possível “viver-se com um salário mínimo presentemente”, pelo que este “deve aumentar”.
Já o presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, defendeu que, “em termos de justiça social, de equidade social, fazia todo o sentido que essa redução temporária dos salários mais altos fosse implementada não só como sinal de justiça, mas também como equidade relativamente a outros trabalhadores”.
O ministro das Finanças disse na sexta-feira que toda a atividade económica portuguesa deve seguir uma política de “contenção e disciplina” salarial para que a competitividade do país não seja prejudicada.
“Temos que evitar que os salários evoluam de forma mais rápida que a produtividade”, afirmou Teixeira dos Santos.
O governante explicou que esta indicação é válida para “a economia no seu conjunto”, destacando que o “setor público já deu o exemplo de grande rigor salarial ao reduzir os salários, em média, cinco por cento”.
Na Nazaré, onde participa na Universidade de outono da Federação Distrital de Leiria da JS, Lino Maia afirmou que “há muita gente a ganhar, de facto, muito pouco e, provavelmente, há alguma gente, não diria muitos, que talvez neste contexto, não digo que não mereçam, mas talvez ganhem demais”, apontando a importância de aumentar vencimentos das pessoas que estão no limiar da pobreza.
Eugénio Fonseca admitiu que “se está a pedir a recuperação do défice só apenas aos funcionários públicos, que é mais fácil, porque são funcionários dependentes do próprio Estado”, e reconheceu que uma eventual diminuição dos salários dos trabalhadores do setor privado “é mais difícil”.
“Acho que não pode haver normativos legais para determinar isso”, declarou, manifestando receio de que a concretizar-se essa medida “os empresários tivessem outras formas de compensar os seus quadros”.
Por temer que possam ser criados “esquemas alternativos de compensação para não se perderem quadros por força da competitividade que pudesse haver entre empresas”, o presidente da Cáritas apela à “solidariedade dessas pessoas que têm esse tipo de salários e que são, nalguns casos, escandalosamente bem compensados” para com concidadãos que necessitem de ajuda ou instituições que estejam aptas a redistribuir os recursos.
Lino Maia acrescentou que não vai aconselhar às 2700 instituições filiadas na CNIS a redução de salários dos seus 150 000 trabalhadores.
“Os vencimentos dos trabalhadores das instituições filiadas na CNIS são normalmente vencimentos abaixo de facto daquilo que merecem”, observou, garantindo não ser possível pagar mais.