Autor: Lusa/Aonline
O Benfica foi superior ao FC Porto, desde logo na abordagem ao jogo, pela forma como conseguiu assumir a iniciativa e emprestar profundidade ao seu jogo ofensivo, ao contrário dos portistas incapazes de estender o jogo até à área encarnada.
Para tal, Jorge Jesus surpreendeu ao colocar Urreta no onze inicial, por forma a jogar com dois médios-ala bem abertos sobre as alas (Ramires na direita e Urreta na esquerda) que impedissem que um dos laterais encostasse em Saviola para a marcação.
Ao fazê-lo, o treinador do Benfica obrigou Jesualdo Ferreira a recuar Fernando para a marcação a Saviola, pelo perigo que este representava e que o desenrolar do jogo veio a confirmar: o argentino foi uma “pedra-chave” no jogo - e não só pelo golo.
Com Fernando muito perto dos centrais Rolando e Bruno Alves, e com dois médios de “tracção traseira”, em particular Guarín, o FC Porto foi sempre uma equipa sem profundidade atacante, apesar de jogar num sistema de 4x3x3, com Hulk e Cristian Rodriguez abertos nas alas e Falcão desamparado entre os centrais do Benfica.
Os tetracampeões nacionais só conseguiam fazer chegar a bola à frente em jogo directo, para os seus três homens do ataque, numa opção fácil de anular para a defesa benfiquista, bem plantada, concentrada e de frente para a bola.
Ao invés, o Benfica estendeu sempre o jogo à área portista, desde logo por pressionar em zonas mais adiantadas do terreno, depois porque a sua ala direita impulsionou a equipa e deu-lhe profundidade e envolvimento, com Maxi e Ramires a revelarem-se fundamentais, para além da acção de Saviola, o melhor em campo.
O argentino é um jogador com um toque de bola e uma inteligência de jogo singulares e sua movimentação foi fundamental para o Benfica ganhar a “batalha” do meio-campo.
No confronto Guarín/Meireles com Javi Garcia/Carlos Martins, ganho pela dupla “encarnada”, Saviola foi importante a preencher espaços no “miolo” para receber a bola e a abri-los para a entrada dos médios de trás para a frente.
O FC Porto nunca teve um Saviola que disfarçasse a opção por dois médios de contenção, incapazes de estender o jogo e de transportar a bola - a primeira vez que o ataque portista criou perigo foi através de Hulk que veio atrás, pegou na bola e correu com ela cerca de trinta metros até à área benfiquista.
Na segunda parte Jesualdo fez a única coisa que podia fazer: sacrificar o médio de contenção Guarín, lançar Varela na ala direita, mudar Hulk para a esquerda, e recuar Rodriguez para médio interior, para preencher o espaço do “miolo” com Raul Meireles.
Esta alteração permitiu ao FC Porto, finalmente, subir em bloco no terreno, diminuir os espaços entre as linhas, pressionar mais à frente, mas o Benfica estava “por cima” ao invés do FC Porto, obrigado “a correr atrás” do resultado, perante um adversário moralizado e impulsionado pelo seu público.
A organização defensiva do Benfica mostrou-se sempre à altura para segurar o golo de Saviola, bem posicionada, mas Jesus sentiu necessidade de refrescar a equipa com as entradas de Luís Filipe para ajudar a suster as penetrações laterais do FC Porto, e Weldon, este fresco e talhado para o contra-ataque face ao maior balanceamento ofensivo portista.
Jesualdo voltou a mexer tarde, com as entradas de Belluschi e Farias, mas o Benfica teve sempre o jogo controlado e fez por merecer o triunfo.