Enquanto a goleada sofrida pelo Braga em Alvalade, por 5-0, para a Taça da Liga, teve o condão de acicatar e de motivar a equipa minhota, a paragem do campeonato por causa do Mundial do Qatar teve um efeito pernicioso para o Benfica, que era, à altura da interrupção, a equipa com mais ‘andamento’ e em melhor forma, indiscutivelmente.

Além da quebra de ritmo que a equipa evidenciou na sexta-feira de forma gritante, juntou-se-lhe um problema sério que foi o sucesso da Argentina no Mundial2022, que impediu dois jogadores nucleares como Otamendi e Enzo Fernández de regressassem mais cedo ao seio do grupo, com a agravante de terem permanecido dias a fio no seu país em homenagens, festas e ‘festinhas’, e sem treinar devidamente.

No caso do jovem centrocampista acresce, ainda, uma proposta milionária do Chelsea, que lhe deu a volta à cabeça, inevitavelmente, e que lhe retirou o foco e a concentração no Benfica, como, de resto, ficou bem patente na sua exibição na Pedreira.

Por outro lado, já se sabia que a ‘manta’ do Benfica era curta, razão pela qual Rui Costa anda no mercado à procura de jogadores, mas na sexta-feira essa realidade, de que o Benfica não tem ‘banco’ à altura do ‘onze’ titular, ficou cristalina.

O Braga, ferido no orgulho pela humilhação em Alvalade, é que não esteve com contemplações perante o momento que o Benfica atravessa e venceu de forma categórica e inapelável, não dando a mínima chance ao líder de sequer discutir o resultado.

De realçar, ainda, a grande exibição de Ricardo Horta, que chegou a estar com um pé no Benfica, transferência que acabaria por se gorar, e que parece ter servido de motivação extra para o seu desempenho na partida, culminado com dois golos, aos 32 e aos 70 minutos.

De resto, o Braga cedo mostrou ao que vinha quando abriu o marcador logo aos dois minutos, pelo avançado espanhol Abel Ruiz, na sequência de um livre.

O mais surpreendente foi a falta de intensidade e de ritmo do Benfica, que se mostrou incapaz em toda a partida de acompanhar o Braga neste aspeto, quando foi essa a principal característica da equipa de Roger Schmidt durante quase toda a primeira volta, quando alardeava um andamento superior aos dos rivais.

Uma nota ainda para a exibição individual de Enzo Fernández, que se limitou a fazer ‘os mínimos’, sem fulgor, sem arriscar um centímetro, jogando pelo seguro, por endossar a bola curta e não assumir a responsabilidade, quando costuma ser ele a pegar no jogo e criar desequilíbrios.

Não obstante esta derrota, o Benfica mantém a liderança, com 37 pontos, mais cinco pontos do que o FC Porto, mais seis do que o Sporting de Braga e mais nove do que o Sporting, que se desloca à Luz dentro de duas jornadas.

Ainda a contar para a 14.ª jornada, o Famalicão conquistou hoje a primeira vitória fora de casa nesta época, ao impor-se por 2-0 na visita ao Desportivo de Chaves, com golos de Jhonder Cádiz, aos 18 minutos, e de Iván Jaime, aos 53, o que permitiu à equipa famalicense subir ao 14.º lugar da I Liga, com 14 pontos, ganhando um novo ‘fôlego’ na luta pela manutenção.

Já o Desportivo de Chaves, que até hoje só tinha sofrido uma derrota em casa, logo na primeira jornada, ocupa a 10.ª posição, com 19 pontos.

Quem também venceu foi o Vizela, e logo por 3-0, perante o ‘vizinho’ Vitória de Guimarães, na estreia do treinador Tulipa, que substituiu no cargo Álvaro Pacheco, subindo ao 11.º lugar, com destaque para Samu, autor de dois golos, aos 43 e 47 minutos, o primeiro dos quais de penálti, cabendo a Osmajic, aos 90+4, fechar a contagem.

O Vitória de Guimarães, que só contava uma derrota nos últimos oito jogos, continua em sexto, com 23 pontos.