Autor: Lusa/AO Online
Segundo uma nota de imprensa, aquele órgão, que aprovou a posição por unanimidade, critica a forma “morosa e claramente insuficiente nestes últimos dois meses e meio para encontrar uma solução condigna para o abastecimento de mercadorias e bens para a ilha das Flores, bem como a necessária exportação de gado vivo”.
No preâmbulo do texto da moção aprovada, os membros da Assembleia Municipal de Santa Cruz referem que, 11 semanas após a passagem pelos Açores do furacão Lorenzo, a avaliação que se pode fazer do abastecimento marítimo de bens e mercadorias para a ilha é que “a opção do Governo Regional pelo barco da Transportes Marítimos Graciosenses (TMG) foi e é absolutamente insuficiente”.
De acordo com o documento, o tecido empresarial das Flores “encontra-se angustiado com esta asfixia de praticamente dois meses e meio", sendo que "em qualquer economia insular de uma ultraperiferia é absolutamente fundamental a entrada e saída marítima de bens e mercadorias”.
“Os comerciantes de venda a retalho recebem escassos bens, cerca de um terço do que recebiam anteriormente, além de que a mercadoria, não vindo contentorizada, chega às Flores algumas vezes danificada, bem como os produtos congelados e frescos têm muitas vezes chegado sem condições de venda ao público porque viajam no navio ‘Paulo da Gama’ com os contentores-frigoríficos desligados”, consideram os deputados municipais.
A Assembleia Municipal refere que “muitos agricultores continuam impossibilitados de exportar o seu gado que há alguns meses está pronto para sair da ilha”.
Por outro lado, “muitas empresas de construção civil estão quase paradas, pois escasseiam os materiais para fazerem as reparações e obras que se encontravam a executar”, e algumas outras empresas “não têm o que vender” ou não conseguem ter material suficiente para efetuar o seu serviço.
Por isso, a economia da ilha “agoniza” com a grande redução de receitas e “não conseguirá aguentar por muito mais tempo”.
Para os deputados municipais, a secretária regional dos Transportes, Ana Cunha, “sempre pareceu lenta e pouco preocupada em encontrar rapidamente uma solução que suprisse as necessidades de abastecimento de mercadorias e bens para a ilha”.
Na sua opinião, a opção pelo barco da TMG “era claramente insuficiente, mas teimosamente foi mantida sem oferta de outra qualquer opção aos empresários da ilha das Flores”.
No início de outubro, o furacão Lorenzo não causou mortos nem mesmo feridos nos Açores, mas a sua passagem pelo arquipélago destruiu o porto Lajes das Flores (que abastece as Flores e o Corvo) e fez algumas dezenas de desalojados.
No total, foram 255 as ocorrências registadas pela Proteção Civil, em particular na madrugada de 02 de outubro, com 53 pessoas a terem de ser realojadas, a maior parte na ilha do Faial.
Os prejuízos ascenderam a 330 milhões de euros, 190 milhões dos quais em resultado da destruição total do porto das Lajes das Flores.