Autor: Lusa/AO Online
“Eu consegui neste mandato retirar algum stress do relacionamento entre o município de Ponta Delgada e o Governo Regional. Aliviado o stress e uma tensão anterior, agora importa ganhar uma cooperação estratégica”, afirmou José Manuel Bolieiro em entrevista à agência Lusa.
Segundo o autarca, “a cooperação quando há disputa partidária às vezes é difícil, a não ser que haja uma vontade genuína de recusar protagonismos e competitividades partidárias ou pessoais”.
“É preciso, depois de a legitimidade democrática de cada instituição estar reconhecida e assegurada, fazer a cooperação em favor do desenvolvimento e, sobretudo, do respeito pela democracia e pelo povo”, salientou.
José Manuel Bolieiro chegou à liderança do maior município dos Açores em 2012, quando a sua antecessora, Berta Cabral, deixou a autarquia para ser candidata à presidência do Governo Regional.
Cabeça de lista nas eleições autárquicas de 2013, Bolieiro manteve para o PSD o maior município dos Açores, feito que repetiu no sufrágio de 01 de outubro, novamente com maioria absoluta, prometendo agora um “trabalho de continuidade” nos próximos quatro anos.
O autarca, que foi alvo de críticas em relação à recolha de resíduos sólidos urbanos decorrente do crescimento do turismo, referiu que o município tinha a “perceção de que ia haver um aumento de resíduos”, daí o investimento em eco-ilhas e na sua capacidade.
Para o presidente deste município da ilha de São Miguel, “o que importa resolver” é “mais regularidade da recolha”. Por isso, admite que a autarquia possa apostar “na complementaridade de serviços contratados externamente para reforçar” a recolha seletiva.
A este propósito, José Manuel Bolieiro destacou que até agora houve “dificuldades e limitações legais de aumento da despesa”.
“Na gestão pública do país, como das autarquias, só quem ignora a experiência de ser gestor autárquico ou mesmo do Estado é que não percebe que nós tivemos até agora limitações da despesa”, observou.
Na área dos transportes, José Manuel Bolieiro salientou o objetivo de “uma nova configuração dos serviços de minibus”.
“A minha expectativa é podermos acertar com o Governo [Regional] a intermodalidade entre o serviço urbano e o interurbano e, com isso, resolver e facilitar o acesso a Ponta Delgada e a mobilidade na cidade, dando mais conforto aos passageiros através de uma compatibilização de horários, circuitos e bilhética”, afirmou, sem excluir, “perante uma nova geografia da mobilidade na cidade e na periferia de proximidade, eventualmente reforçar” a oferta neste âmbito.
Reiterando que no próximo mandato haverá um “reforço de apoio às famílias e às pessoas com maior fragilidade”, o autarca prometeu, por outro lado, uma “proximidade da prestação de serviços da autarquia junto das freguesias mais periféricas”.
“Criar núcleos territoriais de oferta de serviços que implique maior descentralização e maior comodidade para o utente e utilizador dos serviços camarários” é uma das metas, referiu, garantindo que mantém também o objetivo de internalizar a empresa com capitais municipais Azores Parque, de gestão de parques empresariais.
A revisão do Plano Diretor Municipal (PDM) é outro dos objetivos de José Manuel Bolieiro, para “controlar o crescimento urbanístico e o ordenamento do território e a preservação e salvaguarda urbanística, designadamente do centro histórico e da cidade”.
“[O PDM] vai entrar em processo de revisão em 2018, o que implica grande cooperação com várias instituições, entre elas com o Governo Regional”, assinalou, assegurando que vai continuar a assegurar uma “gestão rigorosa na câmara”, uma das bandeiras com que se apresentou ao eleitorado.
A tomada de posse do novo executivo, com cinco elementos do PSD e quatro do PS, está prevista para terça-feira às 10:30 locais (mais uma hora em Lisboa).