Autor: Lusa/AO Online
“Têm de ter outro rendimento, têm de ter um complemento de rendimento que não seja só o da pesca. É o que nós estamos a tentar perceber, para poder em concreto apresentar uma proposta realista, porque o Fundopesca [Fundo de Compensação Salarial dos Profissionais da Pesca dos Açores], para nós, é muito pouco, é o limiar da pobreza”, avançou, em declarações à Lusa.
Paulo Silva, que é cabeça de lista do Aliança pelos círculos eleitorais da ilha Terceira e da compensação, acompanhou, esta madrugada, o circuito do pescado na lota de São Mateus, em Angra do Heroísmo, desde a chegada dos pescadores ao porto, à venda em lota até à aquisição pelos revendedores.
O candidato disse ter ouvido relatos de um dia mau de pescas, lamentando que se ganhe pouco nesta profissão.
“Não foi um dia bom. E estamos em outubro. É preciso perceber este modelo”, sublinhou.
O principal problema, segundo o líder do Aliança, está na disparidade entre o preço de venda em lota e o preço pago pelo consumidor.
“Hoje, para termos noção, o chicharro foi comprado na lota a 2,5 euros. Está a ser vendido no mercado a seis. Este diferencial que existe entre a parte da pesca e a parte da comercialização é muito grande. Temos de perceber os custos de comercialização, mas, acima de tudo, os custos de pescar. Quanto é que custa a embarcação sair, a tripulação, o gasóleo, os custos de manutenção, os custos que são exigidos pela capitania do porto e pela polícia marítima…”, alertou.
Paulo Silva admitiu não ter uma solução para o problema, mas defendeu que os diferentes partidos devem trabalhar em conjunto para encontrá-la.
“Depois deste raciocínio todo, não arranjamos solução, mas tem de ser trabalhada, com dignidade, por todos os partidos, porque até agora nenhum apresentou uma solução que fosse viável e credível”, avançou.
“Há anos e anos que a pesca é um problema nos Açores e não deveria ser, porque nós temos um mar excecional, temos uma diversidade de peixe muito boa, tanto para consumo local como para exportação. Temos de perceber é este diferencial que existe entre a aquisição e a venda”, acrescentou.
As legislativas dos Açores decorrem em 25 de outubro, com 13 forças políticas candidatas aos 57 lugares da Assembleia Legislativa Regional: PS, PSD, CDS-PP, BE, CDU, PPM, Iniciativa Liberal, Livre, PAN, Chega, Aliança, MPT e PCTP/MRPP. Estão inscritos para votar 228.999 eleitores.
No arquipélago, onde o PS governa há 24 anos, existe um círculo por cada uma das nove ilhas e um círculo de compensação, que reúne os votos não aproveitados para a eleição de parlamentares nos círculos de ilha.
O Aliança concorre pela primeira vez às eleições regionais dos Açores, apresentando listas nos círculos de São Miguel, Terceira e compensação.