Açoriano Oriental
Açores querem liderar agenda internacional nas questões do mar, diz Especialista

O presidente da Fundação Oceano Azul afirmou esta sexta feira que os Açores querem liderar a "agenda internacional" na questão da conservação dos oceanos, no seguimento do programa Blue Azores, que visa tornar a região num modelo na área.


Autor: AO Online/ Lusa

"Vemos realmente que os Açores querem mesmo liderar não só Portugal, como uma agenda internacional nessa matéria [da proteção dos oceanos] e isso será muito importante para o futuro das próximas gerações", afirmou à agência Lusa José Soares dos Santos, no final da apresentação do relatório científico do programa Blue Azores, que decorreu hoje, na cidade da Lagoa, em São Miguel.

O programa Blue Azores é resultante de uma parceria entre o Governo dos Açores, a Fundação Oceano Azul e a Waitt Foundation, e visa "contribuir para que os Açores sejam uma economia modelo para uma sociedade azul onde o capital natural é protegido, valorizado e promovido", lê-se no relatório.

O estudo foi realizado após duas expedições científicas, uma em 2016 ao grupo oriental (que contou com 16 participantes e percorreu cerca de 278 quilómetros), e outra, em 2018, aos grupos central e ocidental do arquipélago (que teve 96 participantes e percorreu cerca de 1203 quilómetros).

José Soares dos Santos defendeu que a Universidade dos Açores terá "um papel fundamental" no programa, uma vez que deve ser a "plataforma que agregará todo o conhecimento sobre o mar", tornando-se num "grande centro mundial" com o apoio de "muitas organizações internacionais" interessadas no estudo do mar da região.

"Estarmos com todo esse programa sem deixarmos nos Açores um grande centro de conhecimento de ciência, divulgação, de diálogo, é um bocadinho um trabalho perdido. Daí a importância da universidade", apontou.

No seguimento das conclusões do relatório, o presidente da Oceano Azul revelou que se deve "realmente" implementar as "áreas marinhas protegidas", pedindo "diálogos", uma vez que esse trabalho "não pode ser feito à margem da comunidade açoriana".

"Temos de começar os diálogos sérios, em alguns casos duros, mas são diálogos e temos de chegar aqui a um consenso para que sejamos eficazes na implementação [das Áreas Marinhas Protegidas]", frisou, especificando que este diálogo deve ser feito com o Governo Regional, população, cientistas e "comunidades que vivem do mar".

Na sessão de apresentação, o presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, assinalou que pretende que o programa Blue Azores seja encarado como um "sinal de futuro", defendendo que se deve "criar uma frente unida de defesa e proteção" do mar.

A diretora do Instituto Waitt, Kathryn Mengerink, apontou que os Açores são um "lugar tão especial", não apenas devido à "incrível biodiversidade", mas também por estarem a "liderar" um caminho para um "futuro sustentável".

Um dos investigadores que participou nas expedições, Pedro Afonso, do Instituto do Mar, destacou aos jornalistas que uma das conclusões principais da investigação se prende com a "evidência de que o ambiente costeiro das ilhas apresenta" sinais de degradação "consideráveis".

"Estamos num momento em que temos de olhar para os sinais que estão à nossa frente de forma realística", alertou.

Na sessão de apresentação do estudo foi também visualizado o documentário produzido pela National Geographic sobre as expedições.



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