Autor: Lusa
“Praticamente 38% da população está a viver em casas que não são suficientemente frescas durante o verão. Estes números mostram-nos a realidade e o trabalho que temos para fazer”, referiu Sandra Araújo em Coimbra durante o evento “Combater a Pobreza Energética: Conhecimento, Ação e Vozes da Comunidade”, que reúne especialistas e decisores na discussão de soluções para os cerca de três milhões de portugueses que vivem sem conforto térmico.
Durante a sessão de abertura do evento, a coordenadora da Estratégia Nacional de Combate à Pobreza informou que as estatísticas do inquérito de rendimentos e condições de vida, recolhidas pelo Instituto Nacional de Estatística, para 2023, indicam também que cerca de 21% da população residente em Portugal não consegue manter as suas casas devidamente aquecidas e que cerca de 29% da população vive em habitações com infiltrações, humidades e com o apodrecimento de janelas ou de soalho.
Segundo Sandra Araújo, atualmente estima-se que entre 1,8 e três milhões de portugueses vivam em situação de pobreza energética moderada e que entre 609 e 660 mil portugueses se encontrem em situação de pobreza energética extrema.
“A pobreza energética afeta particularmente as pessoas mais idosas, mas também as pessoas menos escolarizadas, a população desempregada, as famílias monoparentais e está relacionada com a pobreza em sentido lato”, informou.
Ao longo da sua intervenção, a coordenadora da ENCP apontou que a Madeira, Açores, Algarve e região norte do país contam com a maior percentagem de agregados familiares afetados pela pobreza energética.
“Comparativamente com outros países da União Europeia, Portugal é um dos países com maior prevalência de pessoas que não conseguem manter as suas casas devidamente aquecidas”, acrescentou.
Sandra Araújo disse que este é “um problema complexo e multidimensional”, que resulta dos rendimentos baixos da população, custos elevados das energias, fraca eficiência térmica de grande parte das habitações que é antiga, condições climáticas do país (invernos frios e verões quentes), bem como o baixo nível de literacia energética dos consumidores.
“É imperativo que a resposta à pobreza energética seja abrangente e estruturada, passando por programas de reabilitação e melhoria da eficiência dos edifícios, pelo reforço das políticas de acesso à energia a preços justos e pela garantia que os apoios chegam de forma eficaz a quem deles mais necessita”, concluiu.