“Foi uma erupção com uma fase inicial explosiva, com emissão de cinzas e pedra-pomes, e depois uma fase mais calma, com formação de domo lávico”, afirmou Gabriela Queirós, directora do Centro de Vulcanologia e Avaliação de Risco Sísmico.
A especialista salientou, no entanto, que, naquela altura, ainda não existia a vila das Furnas e apenas estavam na zona “alguns padres e pastores”.
A erupção gerou uma nuvem que tapou o Sol durante três dias e cobriu a ilha com uma camada de cinzas que chegou a atingir 1,5 metros de espessura, tendo terminado apenas a 2 de Novembro, ao fim de 61 dias.
Os relatos da época, citados por Manuel Luís Maldonado na obra ‘Fenix Angrence’, indicam que os primeiros sinais surgiram cerca das 21:50 de 2 de Setembro de 1630, quando a ilha começou a ser sacudida por violentos abalos.
O rio de lava que começou a sair do vulcão das Furnas entrou no mar junto à localidade da Povoação, criando uma extensão de cerca de 200 metros por onde se podia “caminhar a pé enxuto”.
Cerca das 2:00 de 3 de Setembro ocorreu uma erupção cujo ruído era tão intenso que se ouvia na ilha Terceira, a cerca de 200 quilómetros, onde a população chegou a pensar que era “uma batalha entre duas armadas poderosas”.
Ao quarto dia, a nuvem de cinza cobriu totalmente o céu, numa escuridão que se prolongou por três dias, tão cerrada que “foi necessário que todos se valessem das tochas e de círios que traziam para as praças e ruas para se conhecerem uns aos outros”.
As cinzas que caíam ininterruptamente cobriram a ilha, chegando em alguns locais a atingir 1,5 metros de espessura, mas também atingiram outras ilhas do arquipélago.
Erupção vulcânica
Vulcão das Furnas entrou em erupção há 380 anos
Uma das maiores erupções vulcânicas registada nos Açores desde o povoamento do arquipélago ocorreu nas Furnas, em S. Miguel, a 3 de Setembro de 1630, completando-se esta sexta-feira 380 anos sobre a tragédia que abalou a ilha.
Autor: Lusa/AO online
