Autor: Lusa/AO online
A equipa, liderada pelo norte-americano Peter Daszak, da organização científica internacional “EcoHealth Alliance”, analisou 117 amostras fecais de morcegos de ferradura – chamados assim porque os seus orifícios nasais estão rodeados de uma membrana em forma de ferradura – de Yunnan, no Sul da China, e comprovou que 23 continham o vírus que provoca a SRAS.
Sabia-se já que os morcegos podiam ser reservas naturais de diversos coronavírus, mas “nunca antes se havia identificado um e demonstrado que podia ser progenitor direto da SRAS”, segundo o estudo.
Para que um coronavírus seja considerado antecessor direto do vírus que causa a SRAS tem de conter “as suas características filogenéticas” e as suas proteínas devem utilizar como recetor celular a enzima usada pelos humanos para potenciar a ação da vasoconstrição e produzida no sistema nervoso central, os rins e pulmões.
Os coronavírus descobertos nos morcegos contêm 99 por cento das características do genoma do vírus da SRAS e cem por cento da sua sequência de aminoácido, o que permite deduzir que esses animais da China “são capazes agora mesmo de infetar as pessoas”, advertiu Daszak.
Além de constatar que os vírus contêm quase a totalidade da sequência genética dos SRAS, os investigadores descobriram que utilizam a enzima humana como porta de entrada de células, o que se considera “marca identificativa da sua propagação cruzada por todas as espécies”.
“Se soubéssemos em 2002 que os morcegos eram a origem, podíamos tê-los eliminado e advertir as pessoas que os caçavam”, explicou Daszak à agência EFE, defendendo que se poderia ter evitado a pandemia.
Para a evitar, é preciso dirigir os programas de controlo para as pessoas que têm mais risco de infeção, “as que estão na primeira linha de uma nova possível pandemia”, afirmou.
A SRAS, uma doença contagiosa com um alto índice de mortalidade que pode afetar diferentes órgãos do corpo, provocar pneumonia e insuficiência renal e matar as células rapidamente – é considerado um dos “problemas de saúde pública mais importante da história recente”, de acordo com a publicação.