Autor: Lusa
A situação crítica que o país atravessa justificou que António Rendas dirigisse uma mensagem à universidade que dirige (a Nova de Lisboa) pela primeira vez desde que tomou posse, há três anos.
Nessa alocução afirma que esta é a “altura em que se deve separar o trigo do joio e aguçar o engenho”.
Por isso, o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) rejeita uma atitude fatalista e recusa-se a ponderar qualquer estratégia de sobrevivência.
“Essa situação não se põe nas universidades, estas têm obrigação e capacidade de fazer uma outra coisa que se faz em todo o mundo que é gerar receitas próprias, não faz sentido que instituições como as nossas não tenham capacidade de ir ao tecido social e com as suas competências arranjar recursos que lhes permitam dentro das suas estratégias funcionar”, afirmou, em entrevista à agência Lusa.
Isto não quer dizer que o Estado não tenha um papel extremamente importante, salvaguarda: são universidades públicas e têm de ter essa parceria com o Estado, mas “é evidente que vamos atravessar tempos difíceis”.
António Rendas reconhece que praticamente todas as universidades estão a pagar os salários com as receitas próprias.
“As [universidades] que querem fazer mais coisas estão todas” a fazer isso, é um “desafio normal de qualquer estrutura social”, defendeu, acrescentando que o problema de usar receitas próprias para pagar pessoal é uma situação que acontece em todo o mundo.
António Rendas afirma não recear o descalabro das contas e a perda de autonomia financeira, prevista no Orçamento do Estado para 2011.
“Nos últimos três anos houve quatro ou cinco universidades que receberam um reforço adicional [de verbas]. Com o Contrato de Confiança todas as universidades receberam o valor que tinham do último ano, por isso o valor adicional estava lá, e isso permitiu às universidades nesses anos funcionar”, sustentou.
Essas instituições agora têm uma responsabilidade acrescida, considerou, afirmando que a solução passa também pelas universidades verem como se podem ajudar entre si, nomeadamente partilhando recursos e projetos.
Neste cenário, os cortes são inevitáveis e estão relacionados com os recursos humanos, com contratos e concursos, sobretudo as provas académicas.
Tem havido também um acompanhamento maior no que diz respeito às despesas energéticas e às comunicações.
“O que estamos a falar é de responsabilidade institucional, não estamos a falar de mais nada. Estamos a falar de como as instituições são geridas. Há aqui uma mudança que esta situação difícil pode ajudar a que aconteça”, sublinhou António Rendas.
O esforço necessário não inclui desta vez o aumento das propinas, assegura o presidente do CRUP, especificando que “nos primeiros ciclos e nos mestrados integrados as propinas não vão aumentar” e que “não há nenhuma iniciativa ou discussão nesse sentido”.