Autor: Lusa/AO online
Durante a iniciativa, promovida pela União de Sindicatos do Porto (USP), entoaram-se canções como “Grândola Vila Morena”, agitaram-se bandeiras de sindicatos e exibiram-se tarjas e cartazes exprimindo, em diversos tons, o desagrado dos participantes face ao atual quadro social e laboral.
“Portugal, vende-se. Bem dotado de campos de golfe, a abarrotar de políticos corruptos. Preço de ocasião”, lia-se num dos cartazes.
Um dos manifestantes, o maquinista da CP Ilídio Pinto pronunciou-se à Lusa neste tom: “Estamos contra o roubo dos salários e da dignidade dos trabalhadores maquinistas, que estão a ser esfoliados”.
Já o operador da Brisa António Vieira justificou a sua adesão à greve e a sua participação na manifestação do Porto, porque “é um dever de cidadania defender o país da agressão intolerável" que atribui à ‘troika’.
Falando aos manifestantes concentrados na praça da Liberdade, antes de um desfile por ruas da Baixa, o coordenador da USP, João Torres, saudou os que, “numa situação tão complicada, com tantos cortes, ultrapassaram os medos e aderiram à greve geral”.
Uma “notável greve geral”, assumiu.
Em declarações à agência Lusa, João Torres disse mesmo que esta greve geral teve maior participação que a de 22 de março.
Num balanço regional, assinalou adesões à greve superiores a 75 % em muitas empresas privadas e, quanto ao setor público, sublinhou o fecho de escolas, tribunais ou cantinas.
Quanto aos transportes, destacou a adesão “histórica” na Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), reiterando, deste modo, informações fornecidas, logo pela manhã, por outros sindicalistas.
A STCP disse, no entanto, que motoristas que pretendiam sair das estações de recolha “foram impedidos de o fazer, por pessoas estranhas à empresa”.
Há ainda registo de um incidente com autocarro da linha 61, operado pela subconcessionária Valpi, quando o veículo foi atingido por um tiro, em S. Mamede de Infesta, Matosinhos. Nenhum passageiro ficou ferido.
No caso do metro do Porto, a operação está a realizar-se apenas com os serviços mínimos e nas linhas Senhora da Hora/Dragão e Hospital de S. João/Santo Ovídeo, em Gaia, segundo fonte sindical. A empresa tinha prometido oferta correspondente a 80 % do habitual naqueles dois traçados.
A CGTP cumpre hoje a segunda greve geral em menos de oito meses, por considerar que o Governo ignora o povo e vai agravar ainda mais as condições de vida e de trabalho dos portugueses no próximo ano.