Açoriano Oriental
UE quer compromissos para países em desenvolvimento
Em nome da União Europeia, o secretário de Estado do Ambiente defendeu que os países em desenvolvimento - como a China ou a Índia - contribuam para a mitigação das alterações climáticas através de compromissos voluntários.
UE quer compromissos para países em desenvolvimento

Autor: Lusa / AO online
 "A visão da União Europeia é a de metas absolutas [de redução das emissões de gases com efeito de estufa] para os países desenvolvidos e contributos voluntários para os países em desenvolvimento, mas contributos que possam ser reportados", defendeu, em Lisboa, Humberto Rosa numa reunião com a imprensa sobre os próximos encontros internacionais sobre alterações climáticas.

O governante explicou que os países em desenvolvimento precisam de crescer em termos económicos e que, por isso, a esses, não pode ser pedido que tenham metas de redução de emissões.

Mas, adiantou, esse crescimento pode ser feito com energias mais limpas que podem, inclusive, ser financiadas pela União Europeia.

"É consensual entre os membros da União Europeia que os países em desenvolvimento devem dar o seu contributo através de compromissos voluntários", afirmou, falando em nome da presidência da União Europeia, que Portugal actualmente exerce.

Duas reuniões, uma delas de alto nível com chefes de Estado e de governo, estão marcadas para a próxima semana nos Estados Unidos para “apalpar terreno” antes da conferência de Bali (Indonésia), em Dezembro, onde começarão as negociações sobre o futuro do protocolo que sucederá ao de Quioto depois de 2012.

Segunda-feira, no âmbito da 62ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, marcou um encontro de alto nível em Nova Iorque com representantes de mais de 150 países, entre eles cerca de 70 chefes de Estado e de governo, para preparar o encontro de Bali.

"Há quatro peças chave a discutir: mitigação [redução das emissões], adaptação, tecnologias e financiamento", disse Humberto Rosa, adiantando que o primeiro-ministro José Sócrates - que se desloca a Nova Iorque como representante da União Europeia - vai centrar o seu discurso na questão da mitigação.

Os Estados Unidos, que não ratificaram o protocolo de Quioto, marcaram também um encontro sobre alterações climáticas três dias depois do das Nações Unidas, a 27 de Setembro, em Washington, para o qual convidou 16 dos principais países poluidores do planeta - entre os quais a China, a Índia, o Brasil e países da União Europeia.

"Esta iniciativa [dos Estados Unidos] pretende juntar esforços das grandes economias para ver que ingredientes deverão compor o pacote climático", disse o secretário de Estado.

Os Estados Unidos têm assumido, no último ano e meio, a importância das alterações climáticas, mas com uma postura diferente da da União Europeia, pois recusam metas de redução de emissões de carbono, sugerindo antes estudar, para cada sector económico, o contributo que pode dar sem prejudicar a economia.

"É uma nova posição dos Estados Unidos, que pareciam estar arredados do tema das alterações climáticas. O encontro organizado pelos Estados Unidos seria negativo se fosse um processo paralelo e desviante. Mas está claríssimo que não", defendeu Humberto Rosa.

O governante afirmou que "não é propaganda" dizer que a União Europeia está na vanguarda das alterações climáticas e salientou que a União Europeia considera os constrangimentos ambientais - da redução das emissões - uma "oportunidade económica" e "não um constrangimento económico".
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