Autor: Lusa/AO Online
"O aumento da procura de energia combinado com a necessidade de repor novas infra-estruturas constitui, por si só, um considerável desafio", refere a consultora Capgemini num estudo em colaboração com a Societé Générale, a que a Lusa teve acesso.
O documento refere ainda que a obrigação de reduzir as emissões de dióxido de carbono (C02) para combater o aquecimento global torna este desafio "ainda mais complexo".
Na primeira metade do ano passado, os desafios que já se colocavam tinham a ver com o abastecimento de electricidade e gás combinado com a redução das emissões de CO2.
No entanto, a escolha da combinação, isto é, do "mix" energético continua a colocar problemas: três quartos das centrais eléctricas, em 2008, que estão a ser construídas vão ser abastecidas através de combustíveis fósseis, o que colocará enormes problemas em termos de emissões de dióxido de carbono.
O estudo chama, assim, a atenção para a qualidade dos investimentos que estão a ser feitos e defende que sejam aumentados os investimentos em energias renováveis e na eficiência energética, de "uma forma mais acelerada que até aqui".
Os investimentos em energias renováveis caíram 14 por cento na Europa na segunda metade de 2008, em plena crise mundial, rompendo com a uma taxa de crescimento anual média de 56 por cento nos últimos cinco anos.
O estudo refere também que no primeiro semestre deste ano o consumo de electricidade e de gás no sector industrial caíram significativamente na Europa, entre 10 a 20 por cento, quando comparado com igual período do ano anterior.
No entanto, o sector terciário, onde a energia consumida está ligada aos edifícios e às habitações, foi mais resistente à crise.
Pela primeira vez desde a II Guerra Mundial a electricidade consumida vai reduzir-se em 3,5 por cento em 2009 e o consumo de gás apresentará um comportamento semelhante.
No primeiro semestre do ano, o consumo agregado de electricidade, tendo em conta a maioria dos países europeus, cairá na ordem dos cinco por cento e o consumo de gás reduzir-se-á em cerca de nove por cento, comparativamente a igual período do ano passado, segundo o documento.
O estudo destaca ainda a queda abrupta na concessão de crédito, combinada com um baixo retorno nos investimentos arrastaram para baixo os investimentos no sector energético.
Por sua vez, os investimentos em centrais nucleares tiveram diferentes impactos consoante as diversas regiões do mundo.
O nuclear é uma energia limpa, pois não emite dióxido de carbono, embora tenha outros problemas, sobretudo ligados aos resíduos nucleares, mas há regiões do mundo em que se optou pela energia hidroeléctrica, que é amiga do ambiente e não liberta CO2, daí que não se possa fazer uma comparação idêntica quanto ao impacto que o nuclear teve nas diferentes regiões, sublinha o documento.