Autor: Lusa
“Não posso ir a Moscovo enquanto o meu país está a ser atacado com mísseis todos os dias. Não posso ir à capital deste terrorista”, disse Zelensky, em entrevista à estação de televisão norte-americana ABC News.
“Putin sabe disso”, acrescentou.
Para Zelensky, a proposta feita por Putin esta semana para um encontro em Moscovo visa apenas “adiar” uma eventual reunião.
“Se alguém não quiser reunir-se, pode propor algo que não seja aceitável para mim ou para outras partes”, argumentou Zelensky, insistindo que “continua pronto” para se encontrar com o líder russo em “qualquer formato”.
A ideia de um encontro presencial entre os dois líderes decorre dos esforços diplomáticos lançados pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, e foi inicialmente proposta para acontecer duas semanas depois das cimeiras no Alasca e em Washington, a 15 e 18 de agosto.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Andri Sibiga, adiantou que sete outros países - a Áustria, o Vaticano, a Suíça, a Turquia e três Estados do Golfo - já se ofereceram para acolher o encontro.
A proposta de Moscovo como ponto de reunião dos dois oponentes na guerra da Ucrânia foi apresentada por Vladimir Putin na quarta-feira, quando o Presidente russo estava em Pequim para assistir às comemorações do 80.º aniversário do fim da II Guerra Mundial.
“Se Zelensky estiver pronto, que venha a Moscovo e esse encontro terá lugar”, afirmou, em direto pela televisão no seu país, confirmando que o Presidente norte-americano, Donald Trump, lhe pediu para se reunir com o líder ucraniano.
“Donald pediu-me para realizar a reunião, se possível. Respondi que sim, é possível”, indicou.
O Presidente russo referiu que nunca descartou a possibilidade de um encontro com o homólogo ucraniano, embora tenha questionado se a reunião faria “algum sentido”.
Ao mesmo tempo, voltou a colocar em causa a legitimidade de Zelensky ao manter-se no cargo para além do seu mandato.
No entanto, a Ucrânia, que se encontra sob lei marcial desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022, não consegue organizar eleições representativas, uma vez que parte do seu território está ocupado e o que não está é atingido diariamente por bombardeamentos.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a II Guerra Mundial (1939-1945).
Ao fim de mais de três anos da invasão russa da Ucrânia, as propostas para um acordo de paz entre Moscovo e Kiev têm fracassado, apesar das iniciativas do Presidente norte-americano, Donald Trump, para aproximar as partes.
O líder russo, Vladimir Putin, exige que a Ucrânia ceda territórios e renuncie ao apoio ocidental e à adesão à NATO, condições que Kiev considera inaceitáveis, reivindicando pelo seu lado um cessar-fogo imediato como ponto de partida para um acordo de paz, a ser salvaguardado por garantias de segurança.