Autor: Lusa/AO online
Em entrevista à agência Lusa, José Reis disse que, apesar de não ter números oficiais e concretos sobre a taxa de desemprego nas pessoas portadoras de todo o tipo de deficiência, a Confederação Nacional dos Organismos de Deficientes (CNOD) estima que ande perto dos 75%.
“Não temos meios para apurar dados concretos, não temos estatísticas. As nossas estimativas têm por base os relatos que nos têm chegado através das instituições, dos nossos associados”, explicou o responsável, adiantando que a CNOD representa 36 associações e federações de todo o país.
De acordo com José Reis, a grave situação que o país atravessa está a afetar ainda mais as pessoas com deficiência devido às suas características e especificidades.
Por isso, o desemprego será um dos temas em análise e debate no sábado no Auditório do Tecmaia, na cidade da Maia, durante o 21º Encontro Nacional de Organismos de Deficientes sob o lema “Dar voz aos Deficientes e suas associações. Por uma vida digna e Inclusiva”, organizado pela CNOD.
Neste encontro, vão ser debatidos temas como o desemprego, os transportes, as acessibilidades, a educação e a situação difícil em que vivem pessoas e instituições.
O presidente da CNOD contou à Lusa que as medidas de austeridade apresentadas pelo Governo não só estão a atingir os deficientes desempregados como está a afetar o funcionamento de associações, federações e diversas instituições que prestam apoio”.
“Nós também estamos com dificuldades em subsistir. Não conseguimos avançar com projetos devido ao corte em 60% dos apoios do Estado à CNOD. Neste momento sobrevivemos das quotas das associações que não chegam para fazer face às despesas mais básicas, incluindo o pagamento dos salários dos nossos quatro funcionários”, adiantou.
José Reis alertou também para a situação “calamitosa” em que se encontram algumas das associadas da CNOD que estão a passar dificuldades, encontrando-se algumas em risco de encerrar.
“Vemos com muita preocupação o eminente encerramento da Associação dos Renais do Norte e a Associação Portuguesa dos Limitados da Voz devido aos cortes governamentais”, adiantou o responsável.
O presidente da CNOD realçou que além das instituições, tem informação de que há muitos deficientes e as suas famílias a viver abaixo do limiar da pobreza.
José Reis disse ainda que durante o encontro no sábado na Maia a CNOD vai apurar a real situação das instituições e das pessoas que apoiam e tentar "todos juntos" encontrar soluções para os problemas.