Autor: Lusa/ AO Online
De acordo com os dados hoje fornecidos à Lusa por fonte daquele grupo português, além daqueles dois navios, cuja construção deverá começar antes do final do ano, a carteira de encomendas incluiu ainda os contratos celebrados com a empresa Douro Azul para a construção, em curso, de dois navios cruzeiro para o rio Douro.
Os dois NPO integravam uma encomenda inicial de oito, que foi assumida em 2004 pelo Ministério da Defesa, para substituir a frota de corvetas da Marinha portuguesa com 40 anos de serviço, mas revogada em 2011 pelo atual Governo.
Em junho passado, a Marinha foi autorizada a adquirir os dois navios-patrulha "por negociação", e não por concurso, face à "urgência imperiosa" de dispor das embarcações até ao ano 2018.
A construção, adjudicada aos estaleiros navais West Sea, detidos a 100% pela Martifer, em consórcio com a Edisoft, foi anunciada pelo primeiro-ministro, em maio passado.
Pedro Passos Coelho assinalava, com uma visita às instalações, a passagem de um ano desde que a empresa do grupo Martifer assumiu a subconcessão dos ENVC.
A subconcessão dos terrenos e infraestruturas dos ENVC, adjudicada a 18 de outubro de 2013 pela administração daquela empresa pública, atualmente em fase final de extinção, prevê o pagamento, pela Martifer ao Estado, de 415 mil euros por ano, até 2031.
Segundo os mesmos dados, a West Sea, empresa criada pelo grupo Martifer para gerir aquela subconcessão, lançada a concurso público internacional em julho de 2013, tem atualmente uma faturação na ordem dos 13,5 milhões de euros e investiu, "na recuperação das instalações e dos equipamentos, mais de quatro milhões de euros".
No setor da reparação naval, desde que assumiu a subconcessão, em maio de 2014, os estaleiros da West Sea "já repararam ou reconverteram 45 navios" e contratou "cerca de 219 trabalhadores, dos quais 152 são ex-colaboradores dos ENVC".
"Trabalham no estaleiro, numa média diária dos últimos quatro meses, outros 283 trabalhadores indiretos, de subempreiteiros, totalizando cerca de 500 pessoas", adiantou o grupo.
A decisão do conselho de administração dos ENVC, de adjudicar a subconcessão daquela empresa, até 2031, à Martifer, que detém os estaleiros navais Navalria, em Aveiro, resultou do relatório final elaborado pelo júri do concurso, presidido pelo procurador-geral adjunto João Cabral Tavares.
A proposta do grupo português foi a única analisada pelo júri, após exclusão de um investidor russo, por incumprimento dos requisitos do concurso público lançado em julho e concluído em 23 de Setembro de 2013.
Quando fechou portas, enquanto ENVC, em abril de 2014, depois de quase 70 anos de atividade, a empresa pública empregava cerca de 609 trabalhadores.
A subconcessão foi a solução definida pelo Governo português depois de encerrado o processo de reprivatização dos ENVC, devido à investigação de Bruxelas às ajudas públicas atribuídas à empresa entre 2006 e 2011, não declaradas à Comissão Europeia, no valor de 181 milhões de euros.