Açoriano Oriental
"Se queremos flexibilidade temos de estar disponíveis para pagar essa flexibilidade"

O governador do Banco de Portugal afirmou que para se ter flexibilidade é preciso disponibilidade para "pagar o preço" desta, sem tomar uma posição sobre a Associação Portuguesa de Bancos e a amortização de créditos a taxa fixa

"Se queremos flexibilidade temos de estar disponíveis para pagar essa flexibilidade"

Autor: Lusa/AO Online

Num parecer enviado ao parlamento, a Associação Portuguesa de Bancos (APB) referia que a eliminação de comissões no reembolso antecipado dos empréstimos à habitação a taxa fixa poderia levar os bancos a deixarem de conceder empréstimos a taxa fixa ou mista.

"Se queremos flexibilidade temos de estar disponíveis para pagar o preço dessa flexibilidade", afirmou Mário Centeno, quando questionado sobre o tema na conferência de imprensa de apresentação do Relatório de Estabilidade Financeira (REF) de novembro.

"Não podemos é achar que todos os produtos são iguais porque não são", acrescentou o governador do Banco de Portugal.

Por sua vez, a vice-governadora, Clara Raposo, deu o exemplo de um contrato de crédito à habitação com taxa fixa: "Se eu quero ter opcionalidades extra, um contrato que me permita fazer mais coisas (...), essas opcionalidades extras têm um valor e esse valor é monetário".

Ou seja, "é natural que um banco que ofereça uma taxa fixa, mas se for possível a determinada altura sair, esse custo dessa opcionalidade, esse custo está refletido na taxa que se paga para reembolsar antecipadamente", acrescentou.

"Se essa taxa desaparecer, os bancos e as pessoas que poderem fazer à mesma esse reembolso antecipado e mudar para outro tipo de crédito" - a taxa de fixa deixa-o de o ser - "os bancos vão ter de encontrar outro parâmetro onde refletem o valor" dessa opção, explicou a vice-governadora.

Ambos referiram-se à lógica do preço implícita neste tipo de contratos, escusando-se a tomar uma posição sobre o parecer da APB sobre esta matéria.

Mário Centeno referiu ainda que "um contrato é um contrato" e "é para cumprir", reforçou o governador, referindo que há também uma questão de "reputação nos mercados".

"Alguém que esteja a fazer contratos de taxa fixa e a rompê-los a cada mês (...) fica tudo registado no sistema", advertiu.

"Acho que nós temos de nos preocupar muito com a reputação nos mercados e se temos aqui feito uma apologia grande que isso exista da parte dos bancos (...),temos de fazer extensível a todo o mercado", defendeu.


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