Autor: Susete Rodrigues/AO Online
Depois de um ano sem desfiles – o último foi em 2019 – a designer
açoriana, Sara França, teve a oportunidade de levar a FW21-22 outlines, à
passerelle do Moda Madeira, evento organizado pela Associação de Jovens
Empresários da Madeira – AJEM.
Para Sara França, voltar aos
desfiles presencialmente, embora com várias restrições, “foi muito bom.
Ansiávamos por isso há muito tempo e no fundo é uma inspiração, um
incentivo para criarmos coleções com outro aspeto, com outra
intensidade”, afirmou, para acrescentar que “estivemos cerca de um ano e
meio a fazer coleções apenas para fotografias, mas sempre com o anseio
de voltar à passerelle”. Dada à situação pandémica da Covid-19, o Moda
Madeira deste ano, que aconteceu em finais de novembro, decorreu com
muitas restrições, não foi por isso, “igual àquilo que era
anteriormente, mas já soube muito bem”.
Para este desfile, Sara França apresentou uma coleção que defende o 'no gender' e o unissexo, ou seja, “cerca de 95 por cento das peças que ando a fazer não são pensadas se é uma mulher ou um homem que as vai vestir e estou a gostar imenso. É uma luta, não é um público fácil porque muitas vezes as peças parecem ser muito grandes ou a silhueta é diferente e o cliente fica um pouco reticente porque é novidade, mas penso que o caminho passa muito por ai”. De acordo com Sara França, “é um trabalho nosso, enquanto criadores e artistas, passarmos uma mensagem e a mensagem que queremos passar – e que quisemos vincar bastante neste desfile na Madeira – foi a igualdade de género”, disse, explicando que “não precisamos de saber o sexo ou a orientação sexual das pessoas, para uma entrevista de emprego, por exemplo, e o desfile passava muito por aí. Quisemos passar essa mensagem com confiança e, para tal, tentei fazer um estilo mais dramático na maquilhagem, tentei que a forma de andar na passerelle fosse muito objetiva, com personalidade (...)”.
A designer açoriana inspira-se nas viagens que faz, “em cidades, em pessoas, gosto de absorver novas culturas, tendências novas. Reparei, nos últimos tempos, que gosto muito da vida noturna. Penso que tem muito mais do que pensamos. No dia a dia, as pessoas vivem quase numa rotina e se calhar acabam por não ser elas próprias e entendo perfeitamente. Aquilo que me traz mais curiosidade e genuinidade é na noite, e gosto desta tendência, gosto de ir para os ‘clubs’ e perceber o estilo de música que se ouve, o que é que os jovens vestem e isso diz muito da nossa sociedade, quais as subculturas que existem agora e o porquê; isso questiona-me muito”.
Desta
forma, “pela primeira vez consigo olhar para o meu desfile e dizer que é
isso que quero, isso é o tipo de roupa que quero fazer”, o que não
impede Sara França de fazer outro tipo de “roupa na loja ou
comercializar no site, mas enquanto show e de comunicação da marca é
aquele género que gosto e que, se calhar, queria fazer desde do início,
mas enquanto criadora temos uma evolução, e penso que agora estou a
chegar lá”.
A nova coleção está disponível na loja, em Ponta Delgada e também no site. A maioria das peças são únicas.