A solidariedade da população micaelense voltou a fazer a diferença. No fim de semana passado, a campanha de recolha do Banco Alimentar de São Miguel angariou cerca de 34 toneladas de alimentos, ultrapassando em cerca de uma tonelada e meia o total recolhido na campanha homóloga de 2024. Cada saco entregue refletiu não apenas generosidade, mas também cuidado, com alimentos variados e pensados para crianças e idosos, que representam 54% das pessoas apoiadas.
Até ao final de novembro, o Banco Alimentar já tinha apoiado 20.100 pessoas, distribuindo cerca de 630 cabazes por mês, número que sobe para 720 em novembro. Para atender à procura, a instituição necessita de 22 mil quilos de alimentos mensalmente, adaptando cada cabaz ao perfil das famílias e à idade dos seus elementos. Além dos produtos básicos, como arroz, massa, azeite e conservas, há também papas e leite para crianças e produtos específicos para idosos, garantindo uma alimentação adequada a todos.
Apesar da generosidade da população e das empresas, o Banco Alimentar enfrenta necessidades crónicas, como por exemplo reunir cerca de 7.500 litros de leite todos os meses para apoiar aproximadamente as 600 famílias que contam com essa ajuda.
A instituição depende ainda de doações contínuas de empresas locais, que representam cerca de 30% dos alimentos distribuídos, e muitas vezes tem de comprar produtos para garantir que os cabazes mantenham a quantidade e a variedade necessárias.
O perfil das famílias apoiadas tem registado mudanças discretas, com um aumento ligeiro de pessoas idosas e de famílias que, apesar de terem emprego, não conseguem suportar todas as despesas mensais: “Estamos a acompanhar de perto famílias que efetivamente necessitam de apoio, em articulação com os assistentes sociais do Instituto da Segurança Social e associações locais, numa rede que já existe há mais de 25 anos”, explica Luísa César, presidente do Banco Alimentar de São Miguel.
A campanha contou com a participação de 986 voluntários, incluindo muitos jovens de escolas básicas e secundárias. Estes jovens ajudaram também a preparar os cabazes que seriam distribuídos às famílias, aprendendo sobre solidariedade e responsabilidade social na prática.
“É muito gratificante ver tantos jovens a dedicarem-se ao voluntariado e a compreender a importância de ajudar o próximo”, sublinha a presidente.
Foram 43 postos de recolha ativos em toda a ilha, em superfícies comerciais grandes e pequenas, garantindo que a campanha chegasse a todos os concelhos. Embora as superfícies maiores consigam angariar maior quantidade de alimentos, os pequenos supermercados também se destacaram pelo empenho, contribuindo de forma consistente para o sucesso da iniciativa: “Os sacos vieram muito cheios, com variedade. As pessoas que doaram tiveram a preocupação de doar como se estivessem a comprar para si próprias”, afirma Luísa César.
Além do impacto imediato na alimentação das famílias, o Banco Alimentar preocupa-se com os efeitos a longo prazo na saúde e no desenvolvimento das crianças. Uma alimentação equilibrada é fundamental para prevenir problemas como colesterol elevado, diabetes e até insucesso escolar.
Sobre o balanço da
campanha deste fim de semana, a presidente confessa ser bastante
positivo, não apenas em quantidade, mas sobretudo em qualidade e
consciência social.
A iniciativa permitiu não só angariar uma grande
quantidade de alimentos, mas também envolver a comunidade de forma
ativa, mostrando que cada doação, por menor que pareça, faz diferença na
vida de muitas famílias.
