Autor: Lusa/AO On line
O secretário-geral da Intersindical, Carvalho da Silva, é militante comunista mas desejou, na semana passada, a vitória a António Costa, que nas eleições autárquicas de domingo renovou o mandato à frente da Câmara Municipal de Lisboa.
A posição assumida pelo líder da Inter num encontro de rua com o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, causou reacções diversificadas dentro e fora da central sindical e, por isso, alguns dos elementos do executivo deverão suscitar a discussão do caso.
"É natural que este assunto seja discutido na reunião da Comissão Executiva, num quadro de combates eleitorais, e isso é salutar porque irá permitir um debate sobre a intervenção da CGTP no novo quadro político", disse à agência Lusa Carlos Trindade, da Comissão Executiva da Inter.
Carlos Trindade, que lidera a corrente socialista da CGTP, reconheceu que a posição assumida por Carvalho da Silva pode originar alguma controvérsia mas considerou isso "natural, numa organização colegial, que funciona democraticamente".
"A CGTP é uma organização plural e é daí que vem a sua grande força na sociedade portuguesa. A central agrega trabalhadores de todos os partidos e independentes, assim como dirigentes de todas as áreas políticas", disse, referindo, no entanto, que a maioria dos dirigentes da Inter são do PCP.
Para o sindicalista, Manuel Carvalho da Silva, "sendo militante do PCP, tem sido o gestor do difícil equilíbrio politico-sindical dentro da direcção da CGTP".
O líder da corrente socialista da CGTP acredita que a posição assumida por Carvalho da Silva não colocará em causa "o papel e as funções que ele tem exercido na confederação".
A agência Lusa tentou falar com outros dirigentes da Inter sobre esta matéria mas ninguém se quis pronunciar por considerarem tratar-se de um assunto interno.
No entanto fontes da CGTP reconheceram que as declarações de Carvalho da Silva suscitaram protestos, alguns escritos, da parte de alguns dirigentes e de trabalhadores.
Depois de ter manifestado o seu apoio a António Costa, Carvalho da Silva fez um esclarecimento escrito, onde defendia a necessidade de convergência da esquerda na gestão de Lisboa e onde reafimava o seu apoio à CDU por entender "que o país precisa do reforço da CDU".
Perante isto, o secretário-geral da PCP, Jerónimo de Sousa, considerou que o apoio de Carvalho da Silva - que se escusou a revelar o seu sentido de voto - não tinha sido porto em causa.
Posteriormente Carvalho da Silva disse aos jornalistas que as suas declarações de quarta-feira sobre o desejo de vitória do socialista António Costa em Lisboa, foram feitas enquanto cidadão.