Açoriano Oriental
Restabelecer confiança entre bancos e mercado é prioritário
“A prioridade das prioridades dos bancos é o restabelecimento da confiança entre o mercado e as instituições bancárias”, defende Carlos Decq Mota, director do Millennium bcp nos Açores, que reconhece que se têm verificado alguns episódios “que não ajudam a que estes laços se fortaleçam”.
Restabelecer confiança entre bancos e mercado é prioritário

Autor: João Cordeiro
Como se criam estes laços? “Criam-se desenvolvendo conceitos tradicionais de relação entre os bancos e as pessoas. Os bancos têm que tratar dos negócios das pessoas e das empresas com grande proximidade”, explica o dirigente bancário, garantindo que “se estas regras forem bem transmitidas e bem aplicadas, os índices de confiança retomam-se facilmente, porque toda a gente já percebeu que não é possível o mundo viver sem transacções que assentem num sistema financeiro”.
No entanto, a falta de confiança que se verifica, por enquanto, faz com que grande parte das pessoas procure aplicações que, do ponto de vista do capital, não tenham qualquer tipo de risco: “depósitos a prazo, ou qualquer tipo de aplicação sustentada em dívida pública são hoje os produtos mais procurados”, refere Carlos Decq Mota, lembrando que “é preciso ter a noção, porém, de que, por comportarem menos risco, estas aplicações são menos bem remuneradas.
Mas nem toda a gente pensa da mesma forma, e a crise pode também ser “uma bolsa de oportunidades”, garante o director do Millennium bcp nos Açores: “tendo alguma disponibilidade financeira e conhecendo um pouco o funcionamento do mercado, esta é uma boa altura para aproveitar os preços no mercado de capitais” porque “quem comprar hoje ‘bom papel’, daqui a dois ou três anos, não estará arrependido”. Há no entanto que ter o cuidado de distribuir as poupanças por diferentes aplicações, “porque mesmo que alguma corra mal, não é crível que aconteça o mesmo com todas”.
Quanto à concessão de crédito, Carlos Decq Mota não acha que os bancos devam ser mais rigorosos, porque “isto seria admitir que antes não o eram, o que não é verdade”. O que os bancos têm que ser é “mais restritivos”, porque “há menos liquidez no mercado e há a constatação de que a capacidade de endividamento, quer das famílias, quer das empresas, atingiu níveis que obrigam a uma análise diferente”.
O dirigente bancário explica que os factores de análise e de cálculo que eram utilizados, alteraram-se: “quando se avaliava o risco de uma operação de concessão de crédito, tinha-se em conta as expectativas de vida do empréstimo e não havia sinais de que pudesse acontecer uma degradação tão rápida do sistema financeiro, que não deixou escapar nenhum sector. Agora a análise é feita quase para amanhã”. “O maior problema desta crise foi o sistema não estar preparado, mas mesmo assim reagiu muito bem e muito depressa”, concluiu.
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