Açoriano Oriental
“Reimagining the Untold” em exposição na vaga

De hoje e até dia 30 de agosto, o espaço vaga, em Ponta Delgada, tem patente uma mostra que retrata o papel dos Açores no colonialismo português. Paralelamente à mostra, irão decorrer outras iniciativas de leitura e encontros

“Reimagining the Untold” em exposição na vaga

Autor: Susete Rodrigues

O espaço vaga, em Ponta Delgada, sede da Anda&Fala - Associação Cultural, inaugurou esta sexta-feira a exposição “Reimagining the Untold”, que explora histórias coloniais ligadas aos Açores, com curadoria do InterStruct Collective, formada por Claire Sivier, Desirée Desmarattes, Miguel F, Natasha Bulha Costa, Neuza Furtado e Vijay Patel.
A mostra surge após um convite e um desafio feito pela vaga ao InterStruct Collective, e que desenvolveram uma Residência Artística no início deste ano. 

No que diz respeito ao tema, Miguel F do InterStruct Collective explicou ao jornal Açoriano Oriental que já haviam trabalhado “questões ligadas ao colonialismo português, especificamente aos Açores”.

De acordo com Miguel F, uma das particularidades - no contexto dos Açores - que conseguiram traçar na Residência Artística “foi uma informação muito parca relativamente ao papel dos Açores no colonialismo português”, acrescentando que existem alguns episódios específicos, que “são trabalhados nesta exposição, como por exemplo, através de uma crónica de Gaspar Frutuoso, em que há uma história de uma pessoa escravizada que fugiu e acabou por avistar a ilha de São Miguel. Existe uma outra história de uma mulher ‘trans’ que acabou por ser julgada por um Tribunal de Inquisição. Existem episódios particulares mas incompletos”.  

Nesta exposição, “decidimos criar várias ficções que acabam por especular sobre estas histórias”.

Na Residência Artística, o InterStruct Collective, para além do processo de pesquisa e consulta de documentos históricos, Miguel F adianta que “visitamos alguns lugares, conhecemos alguns artistas locais, algumas associações, como por exemplo a (A)MAR e acabou por existir um envolvimento mais direto com a AIPA - Associação dos Imigrantes nos Açores”, sublinhando que “isto aconteceu através de um workshop colaborativo, onde imigrantes a viverem nos Açores participaram nestas sessões”.

Miguel F diz ainda que estas sessões resultaram “numa peça coletiva para a exposição constituída por narrativas gravadas em áudio e que têm a ver com o sentimento de pertença desses imigrantes à ilha, mas também sobre histórias dos seus lugares de origens. Esta peça coletiva junta também objetos pessoais trazidos por estas pessoas”.
A “Reimagining the Untold” fica patente no espaço vaga até dia 30 de agosto e paralelamente à mostra, irão decorrer algumas sessões dedicadas à leitura, à partilha e ao encontro. 

Desta forma, a primeira sessão é dedicada à leitura e decorre hoje, pelas 19h00, no Forno da Cal, com a presença de Natasha Bulha Costa.

No dia 3 de julho, pelas 18h00, tem lugar uma visita guiada à exposição “Reimagining the Untold”, com Desiré Desmarattes e no dia 30 de julho, pelas 20h30, decorre a iniciativa ‘Armazém das Letras Diversas’, na vaga.  

Para o InterStruct Collective foi “desafiante e interessante”a Residência Artística desenvolvida em São Miguel, “todos ficaram satisfeitos com o processo e descobertas que fizemos nestas pesquisas”, disse Miguel F, destacando que foi também uma “aprendizagem perceber que, mesmo com a escassez de informação e de pensamento crítico sobre o papel dos Açores no contexto do colonialismo, foi interessante desenvolver mecanismos, como por exemplo a ficção especulativa, que foi o meio que encontramos para dar forma a estes trabalhos”. Foi também interessante “conhecer que os Açores foram um ponto de passagem estratégico no colonialismo, inclusive no tráfico transatlântico, pessoas escravizadas e nesse sentido foi interessante aprofundar esse fenómeno”, finalizou Miguel F do InterStruct Collective.

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