Autor: Lusa/AO Online
“O estudo encontrou condições de escravatura moderna em todas as fases da cadeia brasileira de abastecimento de sumo de laranja e o seu impacto ambiental é devastador”, salienta a Quercus, em comunicado.
A denúncia foi feita com base num estudo, apoiado por várias associações ambientalistas europeias, e que visa pressionar as grandes superfícies comerciais a colaborarem para evitar violações dos Direitos Humanos e diminuir os riscos de produção para o ambiente.
“A indústria do sumo de laranja tem crescido muito e os exportadores têm lucros anormalmente elevados. No entanto, estas receitas económicas são conseguidas à custa das condições de trabalho nos pomares e fábricas e à custa do meio ambiente”, refere a Quercus.
O estudo, que investigou a cadeia de fornecimento do sumo desde as plantações do Brasil até aos supermercados europeus, refere que em 2013, um consumidor médio europeu bebia 11 litros de sumo de laranja por ano, 80% dos quais importados do Brasil.
Segundo a investigadora, Sandra Dusch Silva, da associação Christliche Initiative Romero, com sede na Alemanha, os trabalhadores das plantações no Brasil “produzem cerca de 1,5 toneladas de laranja para conseguirem um rendimento de 10 euros por dia”.
Martin Wilderberg, especialista em proteção ambiental da Global 2000, outra associação que apoiou o estudo, alertou também para o “uso excessivo de pesticidas nos laranjais do Brasil”.
“Isto é particularmente frustrante, porque a produção de laranja faz-se perfeitamente sem pesticidas, como demonstram as citriculturas biológicas por todo o mundo”, sublinhou.
Na Europa, refere a Quercus, cerca de 66% de todo o sumo de laranja é vendido através de marcas próprias dos supermercados.
“O estudo revela que os supermercados não estão a cumprir as suas responsabilidades nas cadeias de abastecimento dos seus produtos”, salienta a associação ambientalista portuguesa.