Açoriano Oriental
Professores desempregados nos Açores fazem protesto pacífico em Ponta Delgada
Isabel Almeida faz parte do grupo de 200 professores que estão desempregados nos Açores, tendo participado hoje num protesto pacífico, em Ponta Delgada, para chamar a atenção para a falta de docentes nas escolas do arquipélago.
Professores desempregados nos Açores fazem protesto pacífico em Ponta Delgada

Autor: Lusa/AO Online

“Já era uma professora precária, porque já não tinha contrato certo. Estava na escola de 01 de setembro a 31 de agosto, mas agora não estou na escola, não estou a fazer o que gosto e sei que sou precisa”, afirmou aos jornalistas Isabel Almeida, que conta já com cinco anos de carreira, até agora, sempre a trabalhar.

Para esta jovem professora desempregada, o sentimento é de indignação, apesar de não estar arrependida da profissão que escolheu: "Eu e os meus colegas temos a paixão pela docência e gostamos dos nossos alunos e de estar no ensino”, afirmou.

Isabel Almeida foi um dos professores que se juntaram no centro da cidade de Ponta Delgada, ilha de S. Miguel, para um protesto pacífico, organizado pelo Sindicato Democrático dos Professores dos Açores (SDPA), que simbolicamente lançou balões para o ar.

“Os balões pretos estão a representar cerca de 200 professores que, neste momento, estão desempregados e que no ano passado estavam colocados. O SDPA está a tentar fazer chegar à opinião pública e, essencialmente, à Secretaria Regional (da Educação) uma noção simples: é que nós não estamos aqui apenas a defender professores desempregados. Estamos a defender a qualidade do sistema educativo”, afirmou aos jornalistas a presidente do sindicato.

Classificando o arranque do ano letivo de “catastrófico”, Sofia Ribeiro garantiu que há “falhas tremendas” de docentes nas escolas açorianas, alegando que “há vários alunos com necessidades educativas especiais sem acompanhamento de qualquer professor”.

“Há crianças com deficiências profundas e outros provenientes de famílias desestruturadas que foram sinalizadas e que neste momento não estão a ter qualquer acompanhamento pedagógico”, adiantou a sindicalista, acrescentando que a redução de professores foi feita à custa do pré-escolar, 1.º ciclo e educação especial, apesar de também haver lacunas no 2.º e 3.º ciclo.

Sofia Ribeiro disse que antes do início do ano letivo, o SDPA reuniu com a tutela, que apresentou mapas que davam a entender que havia professores excedentários nas escolas, mas a realidade demonstra que “há necessidades que não estão colmatadas” e que “houve falhas da Direção Regional da Educação”.

“Nós conhecemos casos concretos e não estamos a falar em meia dúzia de casos, mas a falar de uma situação generalizada a toda a região”, disse a sindicalista, alegando que apesar de a tutela ter colocado seis educadoras a trabalhar esta semana, só na ilha de S. Miguel há necessidade de dez.

“A questão do sucesso educativo, a manter-se esta política educativa, vai adensar-se e vai ter depois repercussões mais tarde no 2.º e 3.º ciclo. Não é à toa que temos um número crescente de turmas oportunidade”, sustentou.

O Governo dos Açores tem rejeitado estas acusações, garantindo que as necessidades as escolas em termos de pessoal docente foram satisfeitas. Em relação ao ensino especial, o executivo tem sublinhado que nos últimos sete anos o número de docentes aumentou dez vezes na região.

 

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