Autor: Lusa/AO online
Torrent, da Esquerra Republicana Catalana (ERC) foi eleito hoje com 65 votos dos deputados independentistas, numa votação em que houve oito votos brancos do Catalunya en Comú - Podem (a formação catalã do Podemos) e um outro voto branco de um deputado constitucionalista.
No discurso de tomada de posse como presidente do Parlamento regional da Catalunha, Torrent fez questão de evitar qualquer referência à "República da Catalunha", proclamada unilateralmente na última sessão parlamentar, o que levou o governo em Madrid a dissolver a assembleia, destituir o governo e convocar novas eleições na região.
Antigo presidente de Câmara na província de Girona, Roger Torrent disse que pretende, antes de mais, "pôr um fim imediato à intervenção" do governo de Madrid sobre as instituições catalãs, ao abrigo do artigo 155 da Constituição e "recuperar a normalidade institucional necessária".
Torrent deixou ainda "o firme compromisso de trabalhar para todas e para todos os deputados da Câmara", fazendo uma referência explícita aos deputados que estão detidos (por rebelião, sedição e uso fraudulento de fundos públicos para declarar a independência), bem como os que estão fugidos na Bélgica.
"Neste momento a responsabilidade é ainda maior por causa do contexto complexo e anómalo que enfrentamos. Quero recordar que três deputados desta Câmara encontram-se em prisão preventiva (entre os quais Oriol Junqueras, o presidente da ERC)", disse Roger Torrent.
"Outros cinco deputados e o Presidente Puigdemont encontram-se em Bruxelas, porque podem receber o mesmo tratamento se regressarem ao país", concluiu.
Assim, o novo presidente do parlamento catalão disse que vai "trabalhar incansavelmente para que na presente legislatura a política volte a estar no centro do debate", uma referência aos processos judiciais levantados contra os dirigentes independentistas.
Torrent também reafirmou um dos lemas dos partidos independentistas: a de que a vontade popular expressa nas urnas a 21 de dezembro se sobrepõe aos processos judiciais contra os dirigentes da ERC e da Junts par Catalunya (JxCat).
"Peço respeito pelos votos do povo e pela vontade popular", disse Roger Torrent, acrescentando - no entanto - que "quer contribuir para coser a sociedade catalã".
"Somos uma sociedade de identidades cruzadas e múltiplas. É preciso fomentar a coesão", disse.
O novo presidente - que sucede a Carme Forcadell, também ela alvo de processos judiciais pela declaração de independência da Catalunha - terminou o seu discurso com uma frase em catalão: "Visca la democràcia i visca Catalunya (Viva a Democracia e viva a Catalunha)".
As frases independentistas mais conhecidas referem "Viva a Catalunha Livre" ou "Viva a República Catalã", algo que Torrent evitou dizer.