Autor: Rui Jorge Cabral
“Onde está o Azores Rallye? Eu estou aqui!”... Foi desta forma que o
jovem piloto de 21 anos da República Checa, Erik Cais, manifestou a sua
desilusão por não poder participar no Azores Rallye, que se deveria ter
disputado neste fim de semana.
Num vídeo, Erik Cais aparece sozinho, numa Vista do Rei deserta, junto ao início do famoso troço das Sete Cidades... Mas não há rali! No entanto, esta situação não impediu Erik Cais de viajar na mesma para São Miguel. E em vez de se sentar no carro para sentir o stresse de lutar contra o cronómetro nas seletivas classificativas do Azores Rallye, o jovem piloto checo tirou antes umas miniférias descansadas e aproveitou para conhecer melhor uma ilha que considera muito especial.
O vídeo que Erik Cais fez nas Sete Cidades e
publicou na sua página oficial nas redes sociais Facebook e Instagram
ganhou o ‘coração’ dos adeptos de ralis açorianos e mesmo nacionais,
tendo gerado muitas reações de espanto e de agradecimento.
O piloto publicou também fotografias de São Miguel com a frase “Como eu gosto de passar o meu tempo livre nos Açores”! Afinal, que melhor promoção pode a Região ter senão estes momentos genuínos de apreço pelos Açores?
Contactado
pelo Açoriano Oriental, o piloto Erik Cais afirmou que a sua intenção
ao fazer este vídeo foi demonstrar que tinha “muita pena” por o Azores
Rallye não se realizar este ano e, para o assinalar, escolheu o seu
troço mais icónico, o das Sete Cidades.
“Julgo que foi uma boa
decisão - embora simultaneamente triste - a de cancelar o rali este ano
devido à circunstância de não sabermos como a situação da Covid-19 irá
evoluir”, afirmou Erik Cais numa entrevista por escrito, salientando que
no troço das Sete Cidades, que tanto aprecia, “uma grande concentração
de pessoas iria lá estar, o que não é desejável neste momento... Todos
temos de respeitar as regras”.
Sobre o facto da notícia da não
realização do Azores Rallye este ano só ter sido conhecida a menos de um
mês da realização da prova, Erik Cais admite que “teria sido mais
agradável” saber antes, mas afirma “compreender que os organizadores
fizeram o melhor que podiam para tentar realizar o rali”.
O piloto
revela que já tinha viagens de avião e estadias pagas e se sua viagem
não se perdeu, ao aproveitar para fazer férias em São Miguel, o mesmo já
não se pode dizer das viagens da sua restante equipa. No entanto,
também aqui o jovem piloto checo mostra-se compreensivo em relação às
circunstâncias muito anormais que se estão a viver. “Estes são tempos
difíceis, não só porque muitos ralis estão ser cancelados, mas também
pelo que isso implica em termos de patrocinadores e assuntos
relacionados”, afirma Erik Cais.
A jovem esperança checa nos ralis
internacionais tem ao seu lado uma mulher navegadora - Jindriska Záková -
e estreou-se no ano passado no Azores Rallye, terminando em 18.º lugar
da geral, quinto na sua classe das duas rodas motrizes.
A sua
opinião sobre o rali açoriano do Campeonato da Europa é clara: “O Azores
Rallye é um dos mais belos ralis em que já participei! Tem uma
paisagem tão específica que será sempre um prazer regressar para fazer o
rali”, afirma.
Contudo, este ano Erik Cais regressou, mas como
turista. E a sua opinião nessa qualidade não difere muito da opinião
como piloto. “A ilha é incrível e eu recomendo este destino às pessoas
que conheço. Os lugares e as oportunidades para viajar e visitar são
tremendas”, explica o piloto checo, que considera também o rali no
Campeonato na Europa como uma grande promoção para os Açores no
exterior, de que ele próprio é um exemplo.
Conforme explica Erik
Cais, “o ERC tem uma boa base mediática e, graças a ela, podemos
apreciar uma rara combinação de carros de rali com uma natureza
esplêndida que, definitivamente, atrai muitas pessoas e adeptos”.
Sobre
a viagem a São Miguel em tempos de pandemia, Erik cais afirma ter-se
sentido “seguro”, acrescentando “que é bom saber que só as pessoas com
teste negativo podem entrar na ilha”.
Desportivamente, o jovem
piloto checo trocou este ano o Ford Fiesta R2T com que correu nos Açores
em 2019 por um Ford Fiesta Rally2, da mais evoluída categoria R5. O
objetivo, para já, é “ganhar experiência”, afirma Erik Cais, porque “o
R5 é tão diferente, comparado com o R2, que é preciso conhecer bem o
carro para se poder andar nos limites e, para isso, neste momento eu
valorizo a experiência ganha em cada rali terminado com este novo
carro”, conclui.