“O processo de privatização da Azores Air Lines e do handling da SATA constitui um negócio ruinoso para a Região Autónoma dos Açores e configura um verdadeiro labirinto de opacidade política e financeira”, considerou Marco Varela, líder regional do partido, em conferência de imprensa, na cidade da Horta.
O dirigente comunista lembrou que o executivo açoriano, liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro, “tem filtrado a informação” que decide divulgar sobre este processo, com o intuito de “proteger um negócio apetecível aos interesses privados”, mas, no seu entender, é “altamente lesivo para os açorianos”.
“Com a entrada de capital privado em posição dominante, será a procura de lucro imediato, por parte do investidor, e não o interesse da região, a determinar o destino da companhia”, advertiu o líder dos comunistas açorianos.
O consórcio NewTour/MS Aviation foi o único a concorrer ao processo de privatização da Azores Air Lines, lançado pelo Governo Regional de coligação (PSD, CDS-PP e PPM), para a compra de 51% do capital da companhia aérea, detida pelo executivo, mas as negociações estão ainda a decorrer, e têm agora como prazo limite o dia 24 de novembro, próxima segunda-feira.
Marco Varela recordou que, segundo o Governo Regional, esta seria a “melhor solução”, ou mesmo uma solução inevitável, que garantiria a mobilidade dos açorianos, as ligações entre o continente, os Açores e a diáspora, os postos de trabalho, o transporte de doentes e o escoamento de produtos regionais.
“De que garantias se trata? O que pode acontecer se o comprador não cumprir estes compromissos? Ninguém sabe”, disse o dirigente do PCP/Açores, recordando que, conforme as informações veiculadas pela comunicação social, o consórcio interessado na compra da transportadora exige que o executivo assuma integralmente a dívida da empresa, cubra os prejuízos do presente exercício e ainda garanta liquidez antes de a privatização se concretizar.
Segundo explicou, esta operação poderá custar mais de 600 milhões de euros aos cofres da Região, um montante que considera ser “incomportável” para a economia regional e um “fardo inaceitável” para os contribuintes açorianos.
Por isso, os comunistas açorianos exigem a “suspensão imediata” do processo de privatização da Azores Air Lines, a reestruturação da empresa e das suas rotas e que o Estado “salde a dívida que tem para com a SATA”, resultante das obrigações de serviço público prestadas pela companhia.
“O PCP/Açores continuará a lutar por uma SATA pública, por uma política que salve a companhia e que lhe permita cumprir a sua missão”, insistiu Marco Varela.
