Açoriano Oriental
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Os super poderes das algas

Sediada no Faial, a seaExpert aplica o conhecimento científico no negócio de distribuição de algas açorianas no arquipélago e além mar


Autor: Made in Açores

O termo superfood, ou “super comida”, invadiu os rótulos e as conversas acerca de nutrição nos últimos anos. Chegam dos mais variados lugares do globo em forma de fruta, legumes, embalados ou conservados, e ocupam lugar de destaque nas prateleiras do supermercado. E se lhe disséssemos que existem umas outras super heroínas, um pouco mais discretas e hesitantes em chegar às grandes superfícies, mais perto do que imagina? Moram no mar açoriano mas não são peixe nem marisco e ora andam coladas às rochas ou por vezes até a tocarem-nos ao de leve em tardes de verão.

São ainda um grande enigma para muitos, mas o potencial das algas tem vindo a ganhar cada vez mais importância nas últimas décadas e a inspirar empresários a apostar na sua extração e aplicação nas mais diversas indústrias.

No caso da seaExpert, a inspiração surgiu de um pedido “caído do céu”, nas palavras de Artur Oliveira, diretor comercial da empresa. Foi em 2013, dez anos depois de Henrique Ramos ter fundado a seaExpert no Faial, que o contactaram acerca de uma alga muito específica que, na altura, estava em falta nas áreas marinhas dos países onde habitualmente era extraída mas que existia nos Açores. Apesar de a sua experiência profissional como consultor em pesca e recursos marinhos não contemplar as algas, aceitou o desafio, e assim nasceu uma nova valência da empresa.

“Começou tudo muito timidamente, com apenas duas ou três espécies”, relata Artur Oliveira, apressando-se a sublinhar que, desde então, nunca pararam de crescer. Atualmente, a empresa já tem dois catálogos com uma dezena de espécies de aplicações múltiplas, estendidas a várias indústrias ainda com pouca expressão em Portugal, como a cosmética, farmacêutica e biotecnologia. Artur estima mesmo que 99,8% das algas que constam do site sejam para exportação. Há, contudo, uma outra vertente do seu trabalho que, apesar de mais pequena em stock, é bem maior em exposição mediática, apesar de não fazer parte dos catálogos que promovem.

“As algas são tão ricas em tudo que são consideradas uma superfood”, afirma Artur Oliveira. “São fontes de vitaminas, minerais, iodo, que é algo que grande parte da população tem em falta. Uma das principais fontes de iodo são certos tipos de peixe, e as algas podem ser um complemento importante”, garante Artur Oliveira, acrescentando que podem ser ainda uma forma de reduzir o sal nos mais variados pratos, por lhes darem naturalmente um “toque de mar”, como o próprio descreve.

Com tantas vantagens, o consumidor poderia sentir-se tentado a procurá-las nas prateleiras das grandes superfícies, junto às outras super heroínas alimentares. Não as conseguiria, contudo, encontrar, a não ser que visitasse um dos restaurantes açorianos para quem a seaExpert fornece.

“Somos muito maus empresários”, confessa Artur Oliveira a sorrir, citando o CEO da empresa. “Não visamos o lucro máximo, fazemos isto por gosto. Claro que somos uma empresa, precisamos de receitas e lucro, mas não olhamos para a maximização, porque quem o faz, não consegue olhar com os mesmos olhos para a sustentabilidade. Isso é, aliás, o nosso primeiro foco”, sublinha.

Com a conservação dos oceanos como foco principal, Artur Oliveira diz ver com muitos bons olhos o recente compromisso de implementação da expansão de áreas marinhas protegidas nos Açores, deixando o apelo a que as metas sejam cumpridas, algo que defende ter de passar obrigatoriamente pela fiscalização mas, sobretudo, pelo bom senso. “Sinto que há cada vez mais uma consciencialização global, mas ainda há muito a ser feito”, afirma.

Explica que estar nos Açores traz os seus desafios, tratando-se de um meio pequeno, mas também grandes vantagens, já que isso faz com que as indústrias com padrões mais exigentes a nível de responsabilidade ambiental os escolham, por saber que tudo é feito com fundamento científico e respeito pela natureza. Já no que diz respeito às algas alimentares, Artur Oliveira assume o compromisso de as manter por perto, por uma questão de princípios.

“O nosso objetivo é levar mais facilmente as algas daqui para os locais, algo que normalmente não acontece com o melhor peixe e a melhor carne. Todos querem exportar porque é mais fácil, vende tudo, mas nós não pensamos assim.”

Artur Oliveira assume que há ainda muito a descobrir acerca do potencial das algas e revela os planos da seaExpert de continuar a apostar nelas. “Diria que o próximo grande passo para nós seria ter um papel preponderante no setor da aquacultura, principalmente nos Açores”, prevê, dizendo que esta poderá ser uma forma de colmatar a falta de alimento, algo que, espera, poderá ser um fator chave para resolver o problema da fome a nível global. 

“Na verdade, as algas serão uma peça essencial para salvar o mundo”, afirma com otimismo, revelando um poder que as transformaria em algo mais do que super comida mas em super heroínas de uma causa maior.

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