Açoriano Oriental
Ordem quer medidas para fixação de médicos qualificados nos Açores

A Ordem dos Médicos alertou hoje para a necessidade de serem criadas condições nos Açores para a fixação de profissionais com qualificação e para a redução das listas de espera cirúrgicas na região

Ordem quer medidas para fixação de médicos qualificados nos Açores

Autor: LUSA/AO online

“Melhorar a qualidade da saúde e o acesso significa fixar aqui mais médicos, mas médicos qualificados. Para a Ordem é importante que a qualificação dos médicos esteja em primeiro lugar”, disse aos jornalistas o presidente da Secção Regional do Sul da Ordem dos Médicos, Alexandre Lourenço, após uma reunião com o secretário da Saúde dos Açores, Rui Luís, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.

Para o representante da Ordem, não há falta de médicos em Portugal, porque atualmente estão nas faculdades de Medicina 12 mil alunos, mas é preciso criar condições para que os Açores sejam atrativos.

“Há coisas que são muito simples, proporcionar alojamento para que um médico que tenha uma renda de casa no Porto ou em Coimbra não tenha de pagar duas rendas, porque uma renda no Porto custa 700 euros por mês, aqui custa 500 e eles ganham 1.400. Por isso, se alguém quiser fazer aqui um estágio de seis meses ou de colaborar não tem essa hipótese”, sugeriu.

O secretário regional da Saúde disse, no entanto, que a tutela já está a adotar estratégias de médio e longo prazos para fixar médicos.

“Pela primeira vez conseguimos fixar todos os médicos que terminaram o internato no mês de abril. Em maio já tínhamos as autorizações. Os concursos decorreram e já os fixámos. No continente e na Madeira isto não aconteceu”, salientou Rui Luís.

O governante admitiu a possibilidade de criação de apoios de alojamento e para creches por exemplo, mas também a criação de contratos parciais para médicos que se mantenham em hospitais do continente português e a criação de oportunidades de formação e investigação.

Segundo Alexandre Lourenço, ao contrário do que se passa noutras regiões do país, nos Açores a medicina geral e familiar não é a especialidade com maior carência de profissionais, mas há especialidades hospitalares com falta de médicos.

“Anestesiologia é gravíssimo. E há algumas especialidades cirúrgicas ou muito técnicas que, pela dimensão da região e pela dispersão, são difíceis de implementar, como neurocirurgia”, exemplificou.

Em relação aos médicos de família, alertou para a necessidade de redução das listas de utentes por médico, alegando que há profissionais que têm apenas dez minutos para falar com cada doente.

“Listas de 1.800 utentes e utentes às vezes envelhecidos ou com múltiplos problemas não são aceitáveis”, salientou.

Segundo o secretário regional, se os atuais internos de medicina geral e familiar continuarem na região depois de terminarem a especialidade, todos os açorianos terão médico de família até ao final desta legislatura, reconhecendo, ainda assim, uma preocupação com a necessidade de substituir médicos dessa especialidade com idade avançada.

Rui Luís admitiu ainda negociar a redução das listas de utentes por médico, mas só quando estiver resolvida a carência de profissionais nesta especialidade.

O presidente da secção sul da Ordem dos Médicos criticou, por outro lado, a dimensão das listas de espera cirúrgicas nos Açores, alegando que, apesar de já terem sido criados programas específicos para resolver o problema, é necessário elaborar “um plano de ação a longo prazo com objetivos bem determinados anuais”.

“Acho que é gravíssimo termos 11 mil doentes nesta população em espera para cirurgia e estarem há muitos anos à espera dessa cirurgia (…). As prioridades clínicas felizmente são asseguradas, mas é dramático uma pessoa estar à espera cinco anos para pôr uma prótese na anca ou ser operado a uma catarata”, frisou.


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