Açoriano Oriental
Oportunidade e desafios
A nossa Região tem condições únicas para se afirmar como um dos pólos de excelência
desta nova Economia. Apesar de ser o nosso maior património geográfico, o mar continua
a ser um dos activos mais secundarizados da economia nacional
Oportunidade e desafios

Autor: André Rodrigues
Uma oportunidade e vários desafios colocam-se à economia dos Açores. A oportunidade está no modo como aproveitarmos o nosso maior recurso: o mar. Com 994 mil quilómetros quadrados, os Açores têm a maior Zona Económica Exclusiva da Europa e são, de longe, o maior contribuinte para o nosso país ter uma plataforma que é 18 vezes superior ao território nacional. 
Se a pretensão portuguesa de aumentar a sua extensão territorial até ao limite exterior da plataforma continental for acolhida na ONU, o nosso país passa a ter a segunda maior ZEE do mundo, só superada pelos Estados Unidos. Esta é uma riqueza cuja exploração sustentada depende, em grande medida, da visão política e da capacidade empreendedora da iniciativa privada. De acordo com vários economistas, o cluster marítimo pode representar qualquer coisa como 12% do PIB nacional. 
A nossa Região tem condições únicas para se afirmar como um dos pólos de excelência desta nova Economia. Apesar de ser o nosso maior património geográfico, o mar continua a ser um dos activos mais secundarizados da economia nacional. Ora isto significa que está ainda quase tudo por fazer. E no momento actual, a aposta no mar é, além de um desígnio nacional, um imperativo para fazer face às enormes dificuldades que o país enfrenta. Muito mais importante do que o TGV, o nosso país tem que olhar para o mar como o sector onde Portugal pode ser uma potência mundial.
Mau grado a nossa dimensão, o património oceânico é um efectivo activo económico. Além da exploração dos recursos piscícolas, o mapeamento e o desenvolvimento dos recursos minerais, a aposta em plataformas de investigação científica, a exploração das reservas de gás e de fontes de energias renováveis, a par de uma eficiente e competitiva gestão das actividades portuárias, fazem deste investimento um acto de reconciliação com a nossa própria natureza e história.
Temos que criar sinergias internacionais, aproveitar o imenso trabalho já efectuado pelos investigadores e aliar a ciência e a tecnologia à economia. Os Açores devem saber posicionar-se e assumir como prioridade estratégica esta aposta económica. Para tal, devem ser criados mecanismos de apoio que, entre outras coisas, sejam capazes de atrair investimento externo e mobilizar a iniciativa privada para criar sinergias regionais que possam ganhar força e escala para, com parceiros nacionais e internacionais, investir verdadeiramente em áreas que, no domínio da exploração dos recursos marítimos, possam fazer do arquipélago um case study europeu.
 
Alguns desafios
A nossa Região tem que continuar a aprofundar o ciclo de abertura a novos mercados. A nossa dimensão reduzida não pode continuar a servir de desculpa. Temos que repensar a nossa filosofia de mercado. Temos que introduzir novos critérios de exigência e partilhar riscos e responsabilidades. É fundamental uma nova cultura de exigência no sector dos serviços que eleve a qualidade do atendimento e que faça do brio profissional uma condição indispensável para o sucesso.
A aposta na qualificação profissional deve ter reflexos no dia-a-dia das empresas. Não basta possuir um canudo, é preciso aumentar a nossa competitividade, alargar horizontes e ousar investir em áreas menos convencionais. Numa economia globalizada há sectores onde podemos ser competitivos: a inovação tecnológica é um deles. Temos que abandonar velhos conceitos de rivalidades que impedem, muitas vezes, o surgimento de novas oportunidades de negócio. Temos que deixar de ser uma Região que apenas consegue ter um grande grupo económico privado. A Economia regional precisa de mais empreendedores e de aproveitar melhor as oportunidades. As dificuldades não podem servir como argumento para a inacção. O futuro da economia regional depende muito mais da visão e da vontade dos empresários.
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