Autor: Lusa/AO online
“Estas mortes devem ser investigadas, mas não devem deter-nos no nosso diálogo com as comunidades. Devemos continuar a explicar-lhes o nosso trabalho e a demonstrar empatia pelas vítimas, as suas famílias e a comunidade”, disse o médico Pierre Formenty, especialista da OMS para o Ébola.
“De outro modo, não será possível que nos escutem e não se poderá controlar o surto”, adiantou o epidemiólogo, que regressou a Genebra após um mês na Libéria a trabalhar para deter a propagação do vírus.
O ataque contra a equipa de sensibilização – que incluía pessoal de saúde e jornalistas e cujos corpos foram encontrados na quinta-feira – ocorreu numa aldeia próxima da localidade de Nzerekore, no sudeste da Guiné-Conacri, onde foi identificado pela primeira vez, em março, o atual surto de Ébola.
“As populações das zonas rurais sofrem muito e não confiam nos governos”, referiu Formenty, adiantando que o incidente “mostra a complexidade” do que se enfrenta para travar a epidemia.
Os elementos da equipa foram “mortos friamente pelos aldeões de Womé”, disse à agência France Presse o porta-voz do governo Albert Damantang Camara.
O tenente Richard Haba, da polícia militarizada local, referiu à AFP que os habitantes da aldeia “suspeitavam que os membros da equipa de sensibilização vinham matá-los, porque, segundo eles, o Ébola é uma invenção dos brancos para matar os negros”.
A febre hemorrágica do Ébola já causou 2.630 mortos em 5.357 casos registados na África ocidental, segundo o último balanço da OMS.
Na Guiné-Conacri, registaram-se 601 mortes em 942 casos.