Açoriano Oriental
Nova fábrica de laticínios da ilha Terceira representa investimento de 12 milhões de euros

A ilha Terceira, nos Açores, terá uma nova fábrica de laticínios, uma reivindicação antiga da lavoura, que representará um investimento de 12 milhões de euros e terá capacidade para laborar 31,2 milhões de litros de leite anualmente.

Nova fábrica de laticínios da ilha Terceira representa investimento de 12 milhões de euros

Autor: AO Online/ Lusa

“Estarmos hoje aqui a sinalizar o lançamento da primeira pedra de um investimento de cerca de 12 milhões de euros num setor como o setor dos laticínios deve-nos deixar confiantes, deve-nos deixar esperançados naquele que é o futuro, naquilo que temos à nossa frente para concretizar a para oferecer em benefício do desenvolvimento das nossas ilhas”, afirmou este sábado o presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, na cerimónia.

Numa ilha que representa cerca de 25% da produção total de produtos lácteos dos Açores e que conta com cerca de 700 produtores, Vasco Cordeiro destacou o impacto da nova fábrica na criação de riqueza e de emprego e na exportação do que melhor se produz no arquipélago.

“Este momento não se esgota no significado que tem para a empresa, não se esgota que tem para este projeto em si mesmo, não se esgota no significado que tem para a ilha Terceira, tem um importante significado para toda a nossa região”, sublinhou.

Instalada no Parque Industrial de Angra do Heroísmo, a fábrica da Ilaçor terá uma capacidade de laboração anual de 31,2 milhões de litros de leite, a partir do terceiro ano, e uma capacidade de produção anual de 3,3 mil toneladas de queijo.

A sociedade que investiu na construção da infraestrutura é composta por investidores privados da ilha e externos e por produtores agrícolas.

O investimento de cerca de 12 milhões de euros é comparticipado em 62% por fundos comunitários, ao abrigo do sistema de incentivos para a competitividade empresarial Competir+, dos quais 54% a fundo perdido.

Segundo Pedro Rebelo, presidente do conselho de administração, a Ilaçor surgiu para dar resposta às necessidades da ilha.

“Os excedentes de leite, as necessidades de aumentos de produção, a melhoria da situação económica do setor primário na ilha Terceira e a necessidade de comercialização de produtos lácteos são situações concretas que determinam o aparecimento da Ilaçor”, frisou, na cerimónia.

O empresário realçou a importância da nova fábrica, alegando que a indústria de laticínios na ilha Terceira tinha as suas capacidades de produção esgotadas.

“Acreditamos que esta nova unidade permitirá um maior equilíbrio entre o setor produtivo e o setor de transformação, que seguramente irá contribuir para a revitalização da economia da ilha Terceira e para a mudança da vida de muitas famílias terceirenses, que esperamos possam encarar o futuro com maior esperança”, realçou.

Há mais de uma década que a Associação Agrícola da Ilha Terceira (AAIT) reivindica a construção de uma segunda fábrica de leite na ilha.

Em 2009, chegou mesmo a anunciar um projeto, em que deteria 70% do capital, mas a construção não chegou a avançar.

Ouvido à margem do evento, o presidente AAIT, José António Azevedo, considerou que a infraestrutura vai dar “um novo alento à produção de leite” na ilha Terceira.

“É algo que se ambicionava há muito tempo e vem resolver uma série de problemas que o monopólio tem colocado ao desenvolvimento da produção de leite na ilha Terceira”, apontou.

Atualmente, o valor médio do preço do litro de leite pago ao produtor na ilha Terceira é de 26,5 cêntimos, abaixo do praticado na ilha de São Miguel e abaixo das médias do país e da Europa, segundo José António Azevedo.

O lançamento da primeira pedra da fábrica da Ilaçor ficou marcado por um protesto pacífico dos técnicos de diagnóstico e terapêutica, que reivindicam o descongelamento das progressões, de acordo com as tabelas salariais da nova carreira e a contagem de 1,5 pontos por ano de serviço.

No final da cerimónia, o presidente do executivo açoriano ouviu, durante mais de meia hora, apelos dos profissionais, que falaram de um sentimento de “injustiça” e de “discriminação”, em comparação com outras classes.

Vasco Cordeiro não se comprometeu com uma solução, mas garantiu voltar a olhar para as reivindicações dos profissionais, explanadas numa carta que recebeu na semana passada.



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