Açoriano Oriental
Muito trabalho para fazer no Haiti
Quando Ivo abandonou o Haiti, há um mês, sentiu que algo estava a mudar: algumas crianças já iam à escola. Mas nos três campos que coordenou durante um trimestre os meninos ainda aprendem de forma informal, nas tendas, e graças à ajuda de organizações humanitárias.
Muito trabalho para fazer no Haiti

Autor: Lusa / AO Online

A primeira equipa da AMI chegou poucos dias depois do terramoto, a 12 de janeiro. Seis meses depois, ainda continuam na capital haitiana, Port-au-Prince, e ali deverão permanecer até ao final do próximo ano.

“Ainda há muito trabalho para fazer e vai continuar a haver. A cidade ficou muito destruída e a maioria das pessoas ainda vive nos acampamentos”, contou à Lusa Ivo Saruga, que esteve no Haiti entre março e junho com a responsabilidade de monitorizar os serviços prestados às dez mil pessoas que vivem em três campos de deslocados.

Através de um protocolo estabelecido com Ministério da Administração Interna, a AMI começou por ficar responsável pela gestão do campo de deslocados Parc Colofer, montado pela Protecção Civil poucos dias após o terramoto.

No entanto, a equipa portuguesa passaria a ocupar-se de outros dois campos que nasceram de forma espontânea por força da necessidade da população: Henfrasa e o Palais de l’Art.

Seis meses após o terramoto, “a situação continua muito complicada”, lamenta Ivo Saruga, sorrindo apenas quando recorda que “agora já se veem algumas crianças a ir para as escolas recuperadas, que inicialmente foram ocupadas pelos haitianos como abrigo”.

No entanto, nos três acampamentos que ficaram a cargo da missão portuguesa, os meninos ainda permanecem por ali todo o dia. São voluntários de organizações humanitárias que se deslocam aos campos para permitir o acesso à educação “de forma ainda muito informal”.

Ivo Saruga contou à Lusa que o dia a dia da equipa portuguesa começa sempre por volta das sete da manhã e trabalho nunca falta, já que é preciso garantir que não acaba nada.

Durante três meses, Ivo Saruga foi a voz que se fez ouvir na ONU em representação dos dez mil haitianos que precisavam de coisas básicas como água, alimentação, saneamento e serviços de saúde.

Desde o início da missão, a AMI mantém em funcionamento uma clínica móvel com uma equipa de voluntários expatriados de médicos e enfermeiros, bem como enfermeiros locais, que garantem à população de deslocados e comunidades adjacentes aos campos o acesso a cuidados de saúde.

Mais de 1600 pessoas já tiveram acesso a medicamentos e vacinas graças ao trabalho da AMI, tendo a equipa médica portuguesa realizado mais de 3700 consultas e mais de meio milhar de atos de enfermagem.

Além da prestação de cuidados de saúde à população de deslocados, a AMI tem desenvolvido campanhas de sensibilização sobre temas de higiene pessoal e comunitária e prevenção das infeções sexualmente transmissíveis.

Dois enfermeiros voluntários locais e onze ativistas comunitários, selecionados entre a população de deslocados, trabalham ainda diariamente para a realização de actividades de sensibilização para a correta utilização e manutenção das estruturas criadas nos campos.

Até final de Junho, a AMI tinha conseguido angariar mais de um milhão de euros para a causa haitiana e espera permanecer no terreno pelo menos até ao final do próximo ano.

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