Autor: Lusa /AO Online
“Esta cultura do imediato prejudica a qualidade da democracia, por um lado, e a qualidade da aprendizagem por outro”, afirmou hoje o ministro da Educação, considerando que a falta de tempo para transformar a informação em conhecimento, conduz a “aprofundamento de novos radicalismos e de novas intolerâncias”.
Exemplificando com “o que está a acontecer em Israel e em Gaza neste momento”, Joao Costa disse ver “com tristeza, opiniões em que parece que o sangue de uns vale menos do que o sangue de outros, como se o sangue das crianças, dos dois lados daquele muro não fosse exatamente igual” e não se estivesse “sempre a falar de seres humanos que estão a perder a sua vida”.
Outro exemplo é a “confusão entre ativismo e vandalismo, porque o ataque à arte é o ataque à palavra, o ataque à expressão e o ataque à liberdade criativa”, apontou o ministro, considerando que tal acontece quando a sociedade recusa a si própria “o tempo do aprofundamento, o tempo do debate, o tempo da complexidade, o tempo que está inerentemente associado à leitura”.
João Costa falava durante o encerramento do Seminário da Educação que decorreu este fim de semana, integrado na programação do Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos, contando, segundo a autarquia, com a presença de 120 profissionais da educação, partes dos quais abandonaram a sala quando o ministro iniciou o discurso.
Numa intervenção em que falou do papel das bibliotecas escolares, da arte, da inteligência artificial, o governante afirmou que “o grande desafio dos sistemas educativos é ajudar a fazer perguntas e fomentar a curiosidade”, até porque “quem não for curioso, quem não conseguir fazer perguntas, nunca vai conseguir superar a máquina e vai-se deixar engolir pelos algoritmos”.
“Felizmente o nosso sistema educativo tem essa intencionalidade assegurada naquilo que é o desenho do currículo nacional”, disse, acrescentando que o Ministério da Educação não se cansa de ser desafiado.
O Seminário de Educação decorreu no âmbito do Folio Educa, um doa capítulos do festival que decorre em Óbidos até ao próximo domingo, sob o tema “Risco”.
Na sua oitava edição o Folio leva à vila, do distrito de Leiria, 603 autores e criadores, em cerca de 108 conversas e tertúlias, 40 apresentações e lançamentos de livros, 40 espetáculos e concertos, 21 exposições, 18 sessões de leitura e poesia e 14 mesas de autores.