Autor: Lusa/AO Online
“Os médicos exigem um pedido de desculpa. Houve uma ofensa aos médicos”, declarou aos jornalistas no final do encontro, na terça-feira à noite, em Ponta Delgada, a responsável nos Açores pela Ordem dos Médicos, que se reuniu em plenário com médicos de várias ilhas.
Médicos dos três hospitais públicos da região manifestaram, em abaixo-assinado enviado ao presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, ao seu vice-presidente, Artur Lima, e ao secretário regional da Saúde e Desporto, Clélio Meneses, a sua indisponibilidade para realizar horas extraordinárias para além do limite legal das 150 horas, o que poderá colocar em causa o serviço de urgência já em dezembro.
Segundo o diário Açoriano Oriental, são 426 os médicos que assinaram o documento, sendo 191 do Hospital Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada.
Em causa estão declarações do vice-presidente do Governo dos Açores, de coligação PSD/CDS-PP/PPM, que, recentemente, afirmou que os médicos “não podem usar o dinheiro como moeda de troca para dispensar” a prestação de cuidados, considerando que tal é uma “violação grosseira” da ética.
Margarida Moura, nas suas declarações no final da reunião, considerou que os profissionais de saúde “são muito importantes no SRS" e que "sem médicos não há sistema de saúde”, sendo que “quem não gosta dos médicos não gosta dos doentes”.
Para Margarida Moura, se “não há um bom ambiente de trabalho e os médicos estão a ser ofendidos e vilipendiados, em última análise quem sofre são os doentes”.
A responsável pela Ordem dos Médicos nos Açores referiu que os médicos vão ser “firmes, mas dialogantes” nas negociações com o Governo Regional, que vão ter lugar na próxima terça-feira, estando presente no encontro José Manuel Bolieiro, líder do executivo açoriano.
Na terça-feira, o vice-presidente do Governo dos Açores, Artur Lima, afirmou que não teve “intenção de ofender os médicos” nas declarações feitas sobre o trabalho extraordinário, após ter sido criticado por PAN, BE e PS no parlamento regional.
“Quem me conhece sabe que um dos meus defeitos é ser frontal. Não tive qualquer intenção de ofender ninguém, muito menos os médicos”, afirmou Artur Lima (CDS-PP), durante o debate sobre o Orçamento para a Saúde em 2023, no plenário da Assembleia Legislativa.